Para crianças o SARS-CoV-2 se manifesta de formas diversas, sem sintomas clínicos, embora tenha sido descrita formas mais graves como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. Para essa poplação, o estudo de comorbidades se faz necessário para melhor manejo da infecção pelo SARS-CoV-2. Desta forma propõe-se avaliar os quadros pediátricos de COVID-19 notificados no Brasil e descrever características clínicas e epidemiológicas.
ObjetivosAnalisar as comorbidades associadas ao óbito em pacientes pediátricos COVID-19 no Brasil. Métodos: Estudo coorte retrospectivo de casos menores de 18 anos notificados no sistema SIVEP-GRIPE de síndrome respiratória aguda grave confirmadas de COVID-19 por exame de RT-PCR. O período de estudo foi de 11 de março de 2020 a 07 de julho de 2021. Grávidas e puérperas foram excluídas. Variáveis demográficas (sexo, idade, raça/cor), clinicas (sintomas, comorbidades) foram ajustadas em modelo múltiplo de regressão logística, obtendo-se estimadores Odds Ratio para risco de óbitos e considerando-se intervalo de confiança de 95%. Dados foram computados no R-Studio.
ResultadosHouve 6.118 pacientes pediátricos, com 482 óbitos e letalidade hospitalar de 7,9%. Foram 55% do sexo masculino e média de idade de 5,8±6,4 anos. As variáveis associadas ao óbitos em crianças com SARS-CoV-2 internadas significativos no modelo logístico múltiplo foram: faixa etária de 15-18 anos (OR = 1,8 IC95%:1,5-2,2) comparada com 0 a 4 anos, as demais faixas apresentaram-se como fator de proteção comparadas ao mesmo parâmetro, 5 a 9 (OR = 0,8 IC95%: 0,5-1,1) e 10 a 14 (OR = 1,0 IC95%: 0,7-1,4); pretos e pardos (OR = 1,4 IC95%:1,2-1.7); a sintomatologia desconforto respiratório (OR = 2,0 IC95%:1,7-2,6); e as comorbidades: obesidade (OR = 2,0 IC95%:1,3-3,0), cardiopatia (OR = 3,9 IC95%:2,8-5,4), doença hematológica: (OR:3,1 IC95:1,8-5,2), síndrome de Down (OR = 2,0 IC95:1,2-3,2), neuropatas (OR:3,5 IC95:2,6-4,6) e imunodeprimidos (OR = 3,8 IC95%:2,5-5,8). Não expressaram significância estatística para o desfecho óbito: hepatopatia, nefropatia, asma, pneumopatia e diabetes.
ConclusãoPacientes de maior faixa etária, pretos e pardos, obesos, cardiopatas, doenças hematológicas, síndrome de Down, neuropatas e imunodeprimidos, assim como os que apresentam desconforto respiratório possuem razão de chance elevada para óbito. Os preditores de mortalidade revelam grupos de pacientes que merecem cuidados mais precoces.