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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
PI 024
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COLANGIOPATIA PÓS-COVID-19 - UMA NOVA INDICAÇÃO DE TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO
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Vítor Falcão de Oliveira, Maria Felipe Medeiros, Amanda Maria da Silva, Nataliê Almeida Silva, Vinicius Rocha Santos, Ryan Tanigawa, Wellington Andraus, Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque, Edson Abdala, Alice Tung Wan Song
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 26. Issue S1
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O fígado é o segundo órgão mais acometido na COVID-19, sendo que as elevações de transaminases são mais comuns. A colestase é rara, presente em menos de 1% dos casos. Relatamos a seguir um caso de colangiopatia pós-COVID-19 (CPC), com necessidade de transplante hepático (TH). Homem, 62 anos, previamente hígido, com quadro crônico de icterícia progressiva, acolia fecal e colúria, associado a dor abdominal leve e febre há 10 dias. Internado por 3 meses em UTI por COVID-19 grave, quando iniciou quadro de colestase, com alta há 1 mês. Iniciados ceftriaxone e metronidazol por suspeita de colangite, encaminhado ao nosso serviço para avaliação. Na admissão, apresentava Hb 8,4, leucócitos 21,22 mil, PCR 151, TGO 132, TGP 76, FA 1271, GGT 727, BT 9,19 e BD 8,62. Colangioressonância mostrou irregularidade difusa das vias biliares (VB) intra-hepáticas, associadas a dilatações saculares suspeitas de abscessos colangiolíticos. Realizada CPRE, com dilatação de VB intra e extra-hepáticas, sem falha de enchimento. Papilotomia e varredura da VB principal com saída de barro biliar. Manteve quadro febril e colestase, modificada antibioticoterapia para meropenem e tigeciclina, com hemoculturas negativas. Realizada nova CPRE, com varredura da VB, sem saída de barro biliar. Mantinha colestase nos exames: TGO 154, TGP 155, FA 2319, GGT 816, BT 5,93, BD 5,49, leucócitos 21,63 mil e PCR 57,5. Com hipótese de CPC, indicado transplante hepático (MELD 22), com situação especial por colangite de repetição deferida. Foi submetido a TH em 22/09/21 com boa evolução no pós-operatório imediato. A colangiopatia pode ser explicada por uma expressão maior de receptores para o COVID-19 (ECA-2) em colangiócitos, podendo levar a danos virais diretos. Ocorre uma colestase persistente e tardia, com elevações extremas de FA, mesmo após a recuperação de disfunções pulmonar e renal. Tais pacientes não apresentavam doença hepática preexistente. O principal diagnóstico diferencial seria a colangite esclerosante secundária ao paciente crítico (CEPC), devido aos achados radiológicos semelhantes. Entretanto, a análise do anatomopatológico desses pacientes nos faz pensar em uma nova entidade, devido à presença intensa de vacuolização citoplasmática de colangiócitos e alterações microvasculares não previamente descritas na CEPC. Esta colangiopatia pode levar à progressão de lesão hepática com a necessidade potencial de TH. No mundo, há 4 casos relatados de TH por colangiopatia pós-COVID até o momento.

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The Brazilian Journal of Infectious Diseases
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