12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A coccidioidomicose é uma infecção fúngica endêmica em diversos países. No Brasil, o Nordeste apresenta o maior número de casos notificados. O quadro clínico é variável e a maioria dos indivíduos infectados são assintomáticos ou apresentam sintomas inespecíficos, dificultando o diagnóstico e tratamento precoce, o que aumenta a importância do entendimento profundo sobre os aspectos epidemiológicos.
Objetivo: O presente estudo objetivou avaliar os aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais dos pacientes com diagnóstico de coccidioidomicose atendidos em um hospital de doenças infecciosas.
Metodologia: O estudo é uma coorte retrospectiva de todos os pacientes internados entre janeiro de 2010 a dezembro de 2019 no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ) com o diagnóstico de coccidioidomicose confirmado ou presumido procedentes do estado do Ceará, Brasil.
Resultados: No período do estudo, 32 pacientes foram internados com CCM, porém somente 23 pacientes foram incluídos no estudo. Todos eram homens, com mediana de idade de 26 anos, moradores da zona rural, e que tinham em comum a prática da caça de tatu. Nenhum paciente era HIV positivo, fazia uso crônico de corticoide, ou apresentava algum tipo de imunossupressão. A forma pulmonar foi a mais frequente, com apenas três casos de doença disseminada. Febre, dispneia e tosse foram os sintomas mais prevalentes. Quanto aos achados radiológicos à tomografia de tórax foram observados nódulos pulmonares, encontrado em 65,2% dos casos. A mediana do tempo de internamento hospitalar foi de 6 dias. Dois pacientes, ambos apresentando a forma pulmonar aguda da doença, evoluíram a óbito durante a internação. A mediana do tempo de seguimento clínico foi de 139 dias (IIQ=106–266 dias), do tempo de uso de antifúngico (fluconazol ou itraconazol) no ambulatório foi de 124 dias (IIQ=106–266 dias). Ao final do seguimento clínico, apenas sete pacientes apresentaram alta por cura, os outros 14, abandonaram o seguimento. Não houve registro de recidiva durante o seguimento clínico.
Discussão/Conclusão: No presente estudo pudemos observar que a CCM é uma micose pouco frequente. Entretanto, não é uma doença de notificação compulsória no Brasil, portanto, deve ser subdiagnosticada. Diante da possibilidade de sintomas inespecíficos, da semelhança com outras doenças prevalentes e do limitado acesso a métodos padrão‐ouro para confirmação diagnóstica, é importante que haja um melhor conhecimento desta micose para que o diagnóstico precoce, principalmente em zonas endêmicas.