12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A esporotricose causada por Sporothrix brasiliensis é uma micose subcutânea endêmica, emergente e negligenciada no Brasil e está intimamente associada a um caráter zoonótico. Na última década, a casuística da doença e sua expansão geográfica no território brasileiro vem sendo reportada, ocasionando graves problemas de saúde pública em diversas regiões. Em 2020, a esporotricose humana passou a ser de notificação compulsória no Brasil. O Rio Grande do Sul (RS) é o segundo estado com maior incidência de esporotricose, sendo os casos concentrados na região sul.
Objetivo: Dada a importância do monitoramento epidemiológico em áreas hiperêndemicas para esporotricose, o objetivo do estudo foi reportar casos de esporotricose humana e animal (cães e gatos) na cidade do Rio Grande/RS no triênio 2017‐2019 e avaliar a distribuição espacial destes casos.
Metodologia: Estudo retrospectivo incluindo todos os casos de esporotricose diagnosticados no Laboratório de Micologia ‐ FaMeD/FURG, a partir de cultura micológica e/ou exame micológico direto das amostras oriundas de humanos e animais, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019 (CEPAS‐FURG:33/2017). A expansão espacial dos casos foi avaliada através do ArcGis®.
Resultados: No período de estudo, 452 amostras suspeitas para esporotricose foram analisadas e, desse total, 40,9% foram positivas para Sporothrix spp., sendo 139 de felinos, 14 de cães e 32 de humanos. Considerando o período inicial (2017) e o final (2019), os casos em humanos tiveram aumento de 18% e os de cães de 17%. Quanto a distribuição espacial, os casos permanecem concentrados na região urbana do município, mas apresentando expansão geográfica.
Discussão/Conclusão: Como em anos anteriores, permanece alta a incidência de esporotricose em Rio Grande, especialmente em gatos, principais transmissores da doença. Por conseguinte, a maioria dos casos humanos diagnosticados tem histórico associado ao contato (arranhadura/mordedura) com felinos infectados, apresentando ascensão no número de casos no período avaliado. Frente a isso, salienta‐se a importância de desenvolvimento de ações de saúde única que visem retrair o atual cenário municipal, atuando na educação em saúde e sobre a enfermidade, no suporte e monitoramento de animais enfermos e no apoio ao diagnóstico. Tais ações são essenciais para o enfrentamento da doença, prevenindo a disseminação e impactando na redução dos casos na região.