XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoMicobactérias Não Tuberculosas (MNT) são relacionadas, predominantemente, à infecção do trato respiratório inferior em pacientes com lesão pulmonar e histórico de tuberculose pulmonar (TB). Os agentes etiológicos mais comuns são do complexo Mycobacterium avium, Mycobacterium kansassi e Mycobacterium abscessus. No entanto, novas MNTs, descritas como causa de doença pulmonar, possuem poucos dados referentes aos seus diagnósticos, tratamentos e desfechos como no caso de Mycobacterium nebraskense, patógeno descrito pela primeira vez em pacientes do Centro Médico Universitário de Nebraska. Temos como objetivo apresentar o caso de um homem, 70 anos, proveniente de Goiânia, Goiás, Brasil, com história de tosse produtiva e hemoptise de longa data. Negava febre e dispneia. Antecedente de TB adequadamente tratada há 12 anos, com sequelas bronquiectasias. Baseado em cultura prévia com crescimento de Micobacteria Não Tuberculosa de crescimento lento, grupo II de Runyon, encontrava-se em tratamento empírico com Rifampicina, Claritromicina, Etambutol e Estreptomicina há 15 meses. Tomografia computadorizada de tórax: opacificação subtotal do lobo inferior direito, bronquiectasias varicosas e císticas de permeio, de aspecto fibroatelectásico. Escarro da admissão identificou Mycobacterium nebraskense em cultura, sensível à Claritromicina e Sulfametoxazol+Trimetoprim, resistência intermediária à Amicacina e Moxifloxacina e resistência à Rifampicina e Ciprofloxacina. Trocado esquema para Sulfametoxazol+Trimetoprim, Claritromicina e Moxifloxacina. Após 1 mês paciente já apresentava remissão dos sintomas de tosse com expectoração e hemoptise. Após os 2 meses nova cultura do escarro veio negativa. Com 2 meses do uso do esquema, houve piora da função renal e em avaliação conjunta com a equipe de nefrologia optou-se pela suspensão dos 3 antimicrobianos. Em seguimento, paciente assintomático após 11 meses de suspensão da terapia empírica e dirigida por cultura. Testes de sensibilidade realizados para Mycobacterium nebraskense demostra sensibilidade para a maioria dos antimicrobianos atribuídos às MNTs, com descrição de resistência ao Etambutol. Em nosso caso houve sensibilidade para Claritromicina e Sulfametoxazol/Trimetoprim, o que nos leva a crer que sempre que possível os macrolídeos devem fazer parte do esquema terapêutico para esse patógeno.