Ag. Financiadora: Sem financiamento
N°. Processo: 37392414.5.0000.0068
Data: 19/10/2018 ‐ Sala: 6 ‐ Horário: 16:00‐16:10 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: Estima‐se que 670.000 pessoas apresentem hepatite C crônica no Brasil e a maioria desconhece seu status de portador. A identificação delas depende da construção de uma linha de cuidado alinhada aos níveis de complexidade do SUS. Acreditamos que informações derivadas de um serviço de complexidade terciária possam contribuir para o planejamento dessas estratégias, em um momento em que ações voltadas para a eliminação dessa doença em nosso país tornam‐se prioridade.
Objetivo: 1‐ Descrever as características clinicas e epidemiológicas dos pacientes com hepatite C crônica; 2 ‐ Estimar a prevalência de comorbidades e manifestações extra‐hepáticas nessa população e 3 ‐ Descrever o grau de complexidade clínica desses pacientes; 4 ‐ Avaliar a associação da presença de complexidade clínica ou de doença hepática avançada com algumas variáveis clínicas.
Metodologia: Estudo retrospectivo sobre pacientes do ambulatório do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Inclusão: todos os pacientes acompanhados entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016, > 18 anos, com viremia positiva. A coleta dos dados: prontuários médicos. Os pacientes foram divididos em dois grupos – alta e baixa complexidade. Alta complexidade: presença de doença avançada (Metavir 3 ou 4) ou suas consequências: carcinoma hepatocelular e/ou hipertensão portal E OU presença de três ou mais manifestações extra‐hepáticas (MHE) e/ou comorbidades concomitantemente. As MHE, assim como as comorbidades associadas à infecção pelo VHC, foram definidas pela literatura e que a critério do médico assistente determinassem indicação de intervenção médica.
Resultado: Incluídos 1.547 pacientes. A maioria sexo masculino (50,9%), média de 54,8 anos (18‐91). Fibrose hepática (Metavir): F0 6,5%, F1 33,6%, F2 25,3%, F3 12,5% e F4 22,1%. Genótipos: 1=75,4%, 3=19,8%, 2=3,9%, 4=0,5% e 5=0,5%. Dos pacientes, 1.103 (71,3%) apresentavam pelo menos uma comorbidade e 700 (45,2%) foram de alta complexidade. Em análise bivariada, idade > 40 anos esteve associada à presença de complexidade clínica. No entanto, em análise multivariada, a presença de doença hepática avançada esteve independentemente associada a sexo masculino, > 40 anos e presença de comorbidades
Discussão/conclusão: Em nossa casuística a presença de doença hepática avançada foi observada em apenas um terço dos pacientes e menos da metade (45,2%) poderia ser considerada clinicamente complexa, poderiam ser idealmente acompanhados em unidades de menor complexidade dentro do SUS.