XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoAs infecções relacionadas aos implantes ortopédicos (IRI), que abrange às infecções relacionadas às fraturas (IRF) e às infecções de próteses ortopédicas (IPO), persiste como uma complicação comum após procedimentos cirúrgicos ortopédicos para estabilização de fraturas. Mesmo durante a COVID-19, com a redução dos casos de traumatismo, as taxas de IRI permaneceram elevadas em nossa instituição. O presente estudo teve como objetivo investigar as características epidemiológicas e microbiológicas das IRI em um centro ortopédico terciário brasileiro entre 2020 e 2022.
MétodoEstudo de coorte retrospectivo em um único centro, envolvendo todos os pacientes submetidos a cirurgia ortopédica para estabilização de fraturas. O diagnóstico de IRF e IPO foi realizado de acordo com os critérios da EBJIS. Foram analisados 402 pacientes que passaram por algum tipo de correção cirúrgica de fratura, sendo incluídos na análise aqueles que desenvolveram IRF e IPO. Os patógenos foram isolados a partir de culturas de tecido peri-implante e fluido de sonicação, e identificados por meio de MALDI-TOF.
ResultadosUm total de 65 pacientes com IRI foram incluídos, resultando em uma incidência de infecção de 16,1% (65/402). Os pacientes masculinos representaram 73,8% da amostra, com média de idade de 48,5 ± 18,6 anos. As fraturas fechadas corresponderam a 60% dos casos. Em relação ao mecanismo de trauma, quedas foram responsáveis por 43,1% dos casos, seguidas por acidentes automobilísticos (26,6%). Os sítios de infecção mais frequentemente afetados foram tíbia (26,2%) e quadril (12,3%). Observou-se que 86,2% dos casos correspondiam a IRF e 12,3% a IPO, enquanto infecções após instrumentação da coluna vertebral foram diagnosticadas em 1,5% dos casos. Entre os pacientes com culturas bacterianas positivas, 68,9% apresentaram bactérias gram-positivas e 31% bactérias gram-negativas, sendo o Staphylococcus aureus o patógeno mais prevalente em todos os sítios de infecção. Infecções polimicrobianas (24,1%), principalmente envolvendo bacilos gram-negativos, foram menos comuns do que infecções monomicrobianas (75,8%).
ConclusãoEste estudo evidenciou que a incidência de IRI permaneceu alta durante a COVID-19, sendo as infecções monomicrobianas, incluindo espécies de Staphylococcus, as predominantes. A identificação da epidemiologia das vítimas de traumatismo ortopédico e da prevalência microbiológica constitui o primeiro passo em direção ao planejamento terapêutico bem-sucedido.