XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO NEEDIER (Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes) foi importante para o diagnóstico da covid-19 na comunidade da UFRJ e profissionais de saúde e segurança pública. Ao longo da pandemia, notaram-se mudanças nas características e sintomas do público atendido, associados às ondas causadas por diferentes variantes do vírus. O presente estudo tem como objetivo avaliar as características clínicas e epidemiológicas da população com diagnóstico de covid-19 atendida no NEEDIER nesses diversos períodos.
MétodosCoorte de indivíduos diagnosticados com covid-19 no NEEDIER. Os indivíduos foram triados e testados por meio de RT-PCR em swab de nasofaringe. Características clínico-epidemiológicas foram coletadas a partir de questionário. Os pacientes assinaram TCLE para participação no projeto (CAAE: 30161620.0.1001.5257). Ondas de variantes foram definidas com os dados estaduais de sequenciamento disponíveis no GISAID.
ResultadosEntre 16/mar/2020 e 31/dez/2022, 7931 indivíduos foram diagnosticados com covid-19. No período, quatro variantes virais causaram ondas delimitadas da doença: original (3756 casos), Gama (752), Delta (412) e Omicron (2554). Houve predominância de mulheres em todos os períodos (59, 48, 58 e 61%, respectivamente, p = 0,46). A idade mediana foi de 38, 37, 35 e 32 anos (p < 0,001) e o tempo de sintomas até atendimento de 5, 4, 4 e 3 dias (p < 0,001), respectivamente. Na onda original não havia vacinados; na Gama, 26% tinham vacinação completa, 81% na Delta e 98% na Omicron (p < 0,001). Quando corrigidos pelo estado vacinal, destacam-se como sintomas diferencialmente apresentados na onda Omicron em relação às anteriores: diminuição na frequência de febre [OR = 0,62 (0,43-0,91)], congestão nasal [OR = 0,63 (0,42-0,93)], náuseas [OR = 0,54 (0,34-0,84)], anosmia [OR = 0,09 (0,05-0,15)] e ageusia [OR = 0,13 (0,08-0,22)], e aumento na frequência de dor de garganta [OR = 2,19 (1,49-3,22)].
ConclusãoAo longo da pandemia, demonstrou-se redução da faixa etária atendida, possivelmente associado à retomada das aulas, e do tempo até procura do atendimento, sugerindo melhor acesso a diagnóstico e percepção de risco da doença. A taxa de vacinação atingiu nível satisfatório (>98%). Os sintomas apresentados mudaram ao longo das diferentes ondas, destacando a importância da atualização de critérios de triagem para um diagnóstico precoce.