XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA epidemia de AIDS é de importância global e tem sofrido transformações em seus aspectos epidemiológicos que merecem ser investigados para o seu enfrentamento.
ObjetivoCaracterizar o perfil clínico-epidemiológico de pacientes na faixa etária de 18 a 59 anos com AIDS internados em hospital de referência em infectologia no município de Salvador-BA.
MétodosTrata-se de um estudo descritivo, revisados os prontuários eletrônicos de pacientes com idade entre 18 e 59 anos, internados em um hospital de referência de Salvador-BA entre julho de 2022 a janeiro de 2023.
ResultadosA amostra (n = 111) foi composta de maioria pacientes cisgênero, 71,17% sexo masculino, 25,23% feminino e 3,6% se identificavam como mulheres transexuais. A maioria se classifica como heterossexuais (63,03%), pardos (70,27%), solteiros (79,28%), cuja idade é contemplada pela mediana 38 e chama atenção que 56,25% encontram-se abaixo de 40 anos. 32,43% dos pacientes contavam com menos de um salário mínimo mensal, 43,24% possuíam ensino fundamental incompleto. A principal causa de internamento foi tuberculose (30,51%), seguido de neurotoxoplasmose (15,25%) e pneumocistose (9,32%). Para 54,24% dos pacientes o diagnóstico de SIDA ocorreu nesse primeiro internamento. Em relação aos hábitos de vida, 23,72% dos pacientes eram usuários simultâneos de álcool, tabaco e substâncias psicoativas, enquanto 51,69% não fazia uso de nenhum dos 3. Observou-se resultados positivos para as sorologias descritas: VDRL 27,96%, AgHBs 5,93%, HCV 1,69%, HTLV 0%. Quanto aos desfechos, 81,36% alta, 11,02% óbito, 2,54% transferidos para outras instituições, e 5,08% evadiram do serviço. Metade dos que evadiram foram reinternados no período analisado. Entre os pacientes que vieram a óbito a contagem de linfócitos TCD4 < 200 cel/mm3 (variou de 2 a 165 cel/mm3), e média de 40,69 cel/mm3, enquanto essa mesma contagem para a totalidade de pacientes internados variou entre 2 e 1269 cel/mm3, com uma média de 202,45 cel/mm3. Apenas 17,8% da amostra apresentava carga viral indetectável, e 27,12% não aderiram de forma satisfatória ao tratamento.
ConclusãoO estudo aponta para um perfil de pacientes em sua maioria do sexo masculino, heterossexuais, jovens, com diagnóstico recente de HIV ou má adesão terapêutica, incorrendo em internamentos por doenças infecciosas. Aumentar campanhas de prevenção, trabalhar diagnóstico precoce e adesão ao tratamento são medidas urgentes para se conseguir as metas da OMS.