A pandemia de COVID-19 trouxe sobrecarga nas unidades de saúde, exigindo uma reorganização dos modelos assistenciais, com a incorporação da telessaúde como aliada no seu enfrentamento. O objetivo deste estudo foi descrever as características clínicas e os fatores associados à necessidade de internação hospitalar entre os pacientes atendidos pelo Serviço de Teleassistência e Telemonitoramento de casos suspeitos de COVID-19 (TeleCOVID) do município de Divinópolis, MG.

Trata-se de estudo retrospectivo com amostra obtida por meio de registros eletrônicos de pacientes adultos com sintomas respiratórios agudos atendidos pelo TeleCOVID-Divinópolis, no período de maio de 2020 a dezembro de 2021. Adicionalmente, foram avaliadas as informações de internação hospitalar registradas no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe do município. Foi avaliada a associação entre as variáveis sociodemográficas e clínicas com a internação hospitalar por meio da estimativa de Odds Ratio, com intervalo de confiança de 95% e nível de confiança de 5%.

No período avaliado, foram atendidos 8325 pacientes, sendo 63,1% do sexo feminino e idade média de 38,8 anos. Cerca de um quarto apresentava alguma comorbidade, sendo que 10,5% dos pacientes apresentavam algum sinal de alerta. Do total da amostra, 9,7% foram encaminhados para avaliação presencial, sendo que 138 (1,7%) pacientes foram internados em unidade hospitalar e 44 (0,53%) evoluíram para óbito. Os fatores associados à internação hospitalar foram: sexo masculino (OR 1,94; IC95% 1,39-2,72), idade superior a 60 anos (OR 7,40; IC95% 5,20-10,5), presença de comorbidades (OR 2,83; IC95% 2,02-3,96), obesidade (OR 2,11; IC95% 1,28-3,49), presença de sinal de alerta, incluindo dispneia e/ou hipotensão arterial (OR 3,48; IC95% 2,39-5,06), febre (OR 2,33; IC95% 1,66-3,27), tosse (OR 2,23; IC95% 1,50-3,32) e mialgia (OR 2,54; IC95% 1,80-3,60).

Os resultados mostram que o TeleCOVID-Divinópolis contribuiu significativamente para o enfrentamento local da pandemia de COVID-19, fornecendo assistência remota com alto poder de resolutividade para o atendimento à população. É essencial o estabelecimento de critérios específicos para elegibilidade de assistência exclusivamente remota, devendo-se considerar a necessidade de avaliação e acompanhamento presencial para pacientes idosos, com comorbidades de risco e com sinais de alerta de gravidade.