Data: 19/10/2018 ‐ Sala: 3 ‐ Horário: 15:50‐16:00 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: O tratamento das infecções por enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ERCs) é um desafio devido à falta de opções terapêuticas, toxicidade das drogas e pouca evidência quanto à melhor estratégia disponível.
Objetivo: Avaliar epidemiologia, fatores de risco, tipo de terapia e influência no desfecho clínico de pacientes com infecções bacterêmicas por ERCs em nosso serviço.
Metodologia: Estudo retrospectivo que incluiu pacientes atendidos em um hospital geral do interior paulista de janeiro de 2015 a junho de 2018 diagnosticados com infecções por ERCs e hemoculturas positivas. Os prontuários disponíveis foram avaliados e os dados compilados e analisados através do sistema Microsoft Oficce Excel® e do site Open Epi®. Valores de p<0,05 foram considerados significativos.
Resultado: Foram incluídos 29 pacientes com infecção bacterêmica por ERC e hemocultura positiva. Dezessete (59%) eram do gênero masculino e a mediana foi de 65 anos. Os principais motivos de internação foram abdome agudo (14%), cirurgia abdominal eletiva (10%) e pneumonia (10%) e a comorbidade mais prevalente foi tumor de órgãos sólidos (38%). O diagnóstico foi feito em média 17 dias após a internação com maior incidência na UTI adulto (41%). Os principais sítios primários foram corrente sanguínea (52%) e peritonite (17%) Todos os pacientes receberam antimicrobianos previamente, 66% penicilina/inibidor de β lactamase, 55% carbapenêmico e 45% cefalosporinas de 3/4a geração. Vinte pacientes (69%) receberam tratamento antimicrobiano em média três dias após a coleta da hemocultura. Desses, 16 (80%) receberam monoterapia com polimixina B/E em 60% dos casos. A combinação de polimixina E e amicacina foi usada nos casos de terapia dupla. A mortalidade geral foi de 69% (20/29) e semelhante no grupo que recebeu monoterapia quando comparada com a dos que receberam terapia dupla, 12/16 (75%) x 2/4 (50%), (p=0,54). Entretanto, os que evoluíram para óbito apresentavam maiores índices de gravidade de Charlson (p=0,016) e Pitt escore (p<0,001) ao diagnóstico.
Discussão/conclusão: Infecções por ERCs são um problema de saúde crescente em nosso meio, particularmente em pacientes idosos, com patologias intra‐abdominais, doença oncológica associada, necessidade de terapia intensiva e exposição prévia a antimicrobianos de largo espectro. Não foi possível observar o efeito do tipo de terapia no desfecho dos pacientes, porém a gravidade clínica e doenças de base podem ter contribuído para a mortalidade em nosso estudo.