As infecções respiratórias são a principal causa de internação pediátrica no Brasil. A gravidade dos quadros clínicos é variável e a morbidade pode ser resultado direto do agente etiológico, secundária à exacerbação de condições de base ou de possíveis complicações. O conhecimento dos principais patógenos envolvidos nestes quadros pode nos fornecer ferramentas importantes para o melhor entendimento das patologias e a intervenção de medidas preventivas.
ObjetivoAvaliar a frequência e distribuição dos vírus respiratórios em crianças entre 0-10 anos acometidas por sintomas agudos sugestivos de infecção respiratória em unidades de emergência, bem como o quadro clínico, comorbidades, exames realizados e tratamento proposto a esses pacientes.
MétodoAnálise retrospectiva de prontuários de crianças atendidas de janeiro/2017 a junho/2020 nas unidades de emergência do Hospital Israelita Albert Einstein e que tiveram resultados positivos para algum vírus do painel de PCR multiplex de patógenos da via aérea superior, que ainda não incluía o SARS-CoV2 (causador da COVID-19), colhidos por swab nasofaríngeo.
ResultadosForam analisados 404 casos, média de idade de 31 meses, sendo 58% do sexo masculino. O patógeno mais prevalente foi Rinovírus/Enterovírus (45,3%), seguido por VSR (17,2%) e Adenovírus (14,9%). Apenas 24% possuíam alguma comorbidade como sibilância prévia, cardiopatia ou asma. Os principais sintomas referidos durante o atendimento no Pronto Atendimento foram febre (78%), tosse (73%) e coriza (45%). Taquicardia e dispneia foram alterações de exame físico constatadas em 47% e 25% dos casos, respectivamente. Foi realizado RX de tórax em 58,5% dos casos, sendo a imagem considerada normal pelo médico em 29% dos casos. Apenas 12% dos pacientes necessitaram hospitalização, sendo 7% em UTI. Nenhuma criança necessitou de intubação e não houve nenhum óbito. Na alta, 36% receberam prescrição de broncodilatador, 32% de antibiótico e 18% de corticóide sistêmico.
ConclusãoO patógeno mais prevalente foi o Rinovírus/Enterovírus. A grande maioria dos quadros foi leve e de tratamento ambulatorial. Embora fossem todas infecções virais, quase um terço dos pacientes recebeu antibioticoterapia como tratamento.