XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA pandemia do HIV é uma importante e atual questão de saúde pública, sendo uma das principais infecções sexualmente transmissíveis que ainda está associada a alta mortalidade. Assim, a profilaxia pré-exposição (PrEP) é peça chave dentre as estratégias de prevenção combinada. Contudo, discussões sobre saúde sexual estão comumente associadas com preconceito e desinformação. Nesse contexto, o debate recente sobre os novos casos de Monkeypox agravou o preconceito contra a população LGBTQIA+, ao associá-la diretamente a essa comunidade. Assim, o estudo objetivou entender o impacto à saúde sexual das informações sobre Mpox (Monkeypox) nesse grupo, analisando usuários da PrEP no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC).
MétodosO estudo foi desenvolvido no ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HUOC. Foram incluídos os pacientes maiores de 18 anos, usuários da PrEP. Excluíram-se soroconvertidos no período interconsulta. A coleta foi realizada com o preenchimento de um formulário eletrônico pelos pacientes.
ResultadosForam entrevistados 45 pacientes. Na amostra, a média de idade foi de 36,2 anos, sendo 42 homens cis (93,3%) e 3 mulheres cis (6,7%). Verificou-se, também, que do total, 28 possuíam passado de ISTs, mas apenas 33 usam preservativo na maior parte das relações sexuais (73,3%). Com relação ao conhecimento da doença, percebeu-se que a maioria das pessoas não soube responder ou respondeu erroneamente sobre as vias de transmissão (77,8%), além disso, apenas 13 pessoas (28,9%) souberam responder de forma correta as formas de prevenção contra a doença. A maioria (95,6%) soube reconhecer os principais sintomas da Mpox. Foi percebido, também, que uma parcela considerável (40%) dos entrevistados tiveram receio de praticar relações sexuais após divulgação de noticias sobre a doença, sendo que, do total, 26,7% das pacientes reduziram frequência de relações sexuais. Ademais, verificou-se diminuição no prazer durante ato sexual em uma pequena parcela dos entrevistados (13,3%), e, também, que 28,9% da amostra passou a usar mais preservativo.
ConclusãoNotou-se, a partir dos dados obtidos, que o surgimento da monkeypox, bem como da circulação de fake news relacionadas a ela, impactaram na qualidade de vida dos entrevistados, em especial diante da falta de informação sobre a doença, evidenciada pelo desconhecimento de boa parte da amostra com relação à transmissão da doença e às formas de prevenção.