A terapia antirretroviral (TARV) trouxe benefícios inquestionáveis na redução da morbimortalidade relacionada à aids, com melhora na qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA). A infecção pelo HIV tornou-se uma doença crônica e, com isso, as PVHA passaram a ter uma vida mais longa, surgindo nelas comorbidades não relacionadas ao HIV, dentre elas a dislipidemia, a hipertensão arterial sistêmica e a obesidade. O ganho de peso em PVHA tem sido associado ao início da TARV e à supressão viral subsequente. O dolutegravir, um inibidor de integrase, é um medicamento recomendado nas diretrizes de tratamento do HIV, porém alguns artigos têm demonstrado maior ganho de peso associado ao seu uso. Este trabalho objetiva analisar o ganho de peso e a presença de comorbidades em pacientes que estão em uso regular de dolutegravir há pelo menos 1 ano e com carga viral indetectável, acompanhados no Serviço de Assistência Especializada (SAE) em Redenção, sudeste do Pará.
MetodologiaTrata-se de um estudo descritivo, observacional, retrospectivo, com dados coletados através da revisão de prontuários de PVHA atendidos no SAE de Redenção.
ResultadosForam analisados os prontuários de 147 pacientes que estavam em uso regular de dolutegravir há pelo menos 1 ano e tinham carga viral indetectável, com 118 (80,3%) pacientes iniciando o tratamento com dolutegravir e 29 (19,7%) com troca de medicação. No intervalo de 1 ano de uso, 83 (56,4%) pacientes obtiveram ganho de peso, sendo 65 pacientes do grupo de início com dolutegravir e 18 pacientes do grupo de troca do esquema terapêutico. A média de ganho de peso no período de 1 ano foi de 2,8 kg. Dentre os que ganharam peso, 59 (71,1%) eram do sexo masculino. Quanto às comorbidades, as mais vistas foram dislipidemia em 30 (20,4%), hipertensão arterial sistêmica em 14 (9,5%) e diabetes mellitus em 6 (4,1%).
ConclusãoO estudo mostrou ganho de peso, principalmente no sexo masculino e em mais da metade dos pacientes avaliados que estão em uso de dolutegravir. Esse aumento foi notado tanto em pacientes que usaram a medicação como primeiro tratamento ou aqueles que realizaram troca. Diante disso o profissional de saúde deve estimular a adoção de hábitos de vida saudáveis para as PVHA no intuito de evitar desfechos ruins associados ao sobrepeso e à obesidade como doenças metabólicas e eventos cardiovasculares.