A incidência e a prevalência de sífilis vêm aumentando nos últimos anos no Brasil, e estratégias para facilitar o diagnóstico na prática clínica incluem o uso de testes rápidos (TR), que permitem o diagnóstico sem a necessidade de estrutura laboratorial. Alguns estudos sugerem que a sensibilidade e especificidade desses testes pode variar de acordo com o kit utilizado e em diferentes populações.
ObjetivoAvaliar a sensibilidade e a especificidade dos TR para sífilis utilizando amostras de doadores de sangue.
MétodoForam selecionadas 5 grupos de amostras: 1-doadores com quimioluminescência (QML), FTA-ABS e VDRL positivos (N=136); 2-doadores com QML e FTA-ABS positivos, com VDRL negativo (N=150); 3-doadores com QML positiva e demais marcadores negativos (falso-positivos, N=163); 4-controles com QML negativa (N=111) e 5-controles com HIV reagente e QML negativa (n=61). Todas as amostras foram submetidas ao TR (TF Sífilis Bio, Bioclin). A especificidade do TR foi calculada separadamente para amostras dos grupos 4 e 5, enquanto a sensibilidade foi calculada separadamente para os grupos 1 e 2. Estimamos também a positividade do TR no grupo 3, bem como a especificidade nesse grupo. A análise foi realizada na amostra completa e em subgrupos definidos pelo sexo do doador.
ResultadosAs amostras para o estudo foram procedentes de doadores com idade mediana de 36 anos (IIQ 28-47), sendo a maioria brancos (69%) e do sexo masculino (60%). Dentre doadores dos grupos 4 e 5, a especificidade do TR foi de 100%, com limite inferior do intervalo de confiança (IC) 95% variando de 94 a 97%. No grupo 1 a sensibilidade do TR foi 92% (IC 95% 86-96), e no grupo 2, a sensibilidade do TR foi 81% (IC 95% 74-87). No grupo 3, 4 amostras tiveram resultado reagente no TR (2,5%), correspondendo a uma especificidade de 98% (IC 95% 94-99). Não observamos diferenças nas estimativas por categoria de sexo do doador.
ConclusãoO TR apresentou excelente especificidade geral e elevada sensibilidade (92%) entre doadores com QML, FTA-ABDS e VDRL positivos, mas menor sensibilidade (81%) entre doadores com QML e FTA-ABS positivos e VDRL negativo. Esse resultado reforça a utilidade do TR para identificação de casos ativos de sífilis, porém limita sua aplicabilidade para o diagnóstico de infecções remotas ou tratadas. Não identificamos perda de especificidade do teste em amostras reagentes para HIV.