A coinfecção, esquistossomose mansoni e vírus da hepatite B, aumenta a morbimortalidade dos portadores. No ano de 2012, desenvolveu-se um protocolo de vacinação aos pacientes da forma hepatoesplênica acompanhados no Ambulatório de Esquistossomose, em conjunto com o Centro Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Além da vacina de hepatite B, as vacinas antipneumocócica 23, dupla adulto, febre amarela, influenza, meningocócica C e COVID-19 foram contempladas.
ObjetivoO objetivo desse trabalho foi de avaliar a resposta sorológica a vacinação de hepatite B em 64 indivíduos com esquistossomose hepatoesplênica grave em seguimento no Ambulatório de Esquistossomose do HCFMUSP.
MétodoTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de corte transversal, o qual avaliou os prontuários dos pacientes em seguimento ambulatorial, no período de 2012 a 2022, e registros de doses de vacina aplicadas nos sistemas SICRIE e SIPNI. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE 42292820.6.0000.0068.
ResultadosDurante investigação sorológica pré-vacinal, observou-se que 17,2% (n = 11/64) dos pacientes apresentaram imunidade adquirida, devido a presença concomitante de anti-HBs e anti-HBc IgG ou total. Os demais que não tiveram contato prévio com o vírus da hepatite B, 62,7% (n = 32/51) realizam o esquema vacinal completo com três doses da vacina de hepatite B. A soroconversão, anti-HBs positivo, foi observada em 34,4% (n = 11/32) dos pacientes, 30 a 180 dias após a administração da última dose. Os negativos foram encaminhados para quarta dose da vacina de hepatite B.
ConclusãoO baixo percentual de pacientes com soroconversão pós-vacinal reforça achados de estudos anteriores, os quais indicam que as infecções por Schistosoma mansoni são capazes de influenciar a cinética de respostas de anticorpos induzidas por vacinas e desencadear diminuição da resposta imune contra a hepatite B, mesmo naquelas com baixa carga parasitaria. A priorização da vacina de hepatite B dos pacientes com forma grave de esquistossomose não foi suficiente para manter uma cobertura vacinal de hepatite B acima 95%. Para atingir essa meta, ações como a busca ativa e a requisição do cartão vacinal durante o seguimento serão necessárias.