A toxoplasmose congênita é uma zoonose causada pelo protozoário intracelular Toxoplasma gondii e é transmitida através da placenta materna. Essa infecção pode promover o desenvolvimento de lesões subclínicas ou clínicas, como retinocoroidite, déficits neurológicos, neurocognitivos ou até mesmo induzir a morte de fetos ou recém-nascidos infectados (Wallon e Peyron, 2018). Há hipótese de que os fatores genéticos e imunológicos podem atuar de forma significativa na patogênese da toxoplasmose, mas esses mecanismos ainda não foram completamente elucidados.
ObjetivoEste estudo teve como objetivo identificar as diferenças na produção plasmática dos marcadores CCL2 e CXCL16 e o efeito do T. gondii na resposta imune em mulheres com a infecção e aquelas sem contato com o parasito.
MétodoGestantes sem distinção de idade foram recrutadas para verificação de parâmetros bioquímicos e clínicos para a compreensão da epidemiologia da toxoplasmose na região de Ouro Preto/MG. Foi verificado se as mesmas fizeram os exames para determinar os níveis de anticorpos IgM e IgG específicos contra o T. gondii. A análise das concentrações plasmáticas dos marcadores foi padronizada para cada citocina, utilizando kits de ensaio imunoenzimático ELISA para CCL2 e CXCL16 de acordo com o protocolo do fabricante.
ResultadosDentre as 131 gestantes voluntárias, 71 mulheres são soronegativas em alterações imunológicas ao T. gondii. Em 56 mulheres, os anticorpos IgM apresentaram níveis baixos (índice > 0,5 UI/ml) e o nível de IgG ultrapassou 3,0 UI/ml. Ainda, foram identificadas quatro gestantes com o diagnóstico da conversão sorológica para infecção pelo T. gondii, com detecção de aumento significativo dos níveis de anticorpos IgG específicos. Observamos que todos os marcadores apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de gestantes infectadas e não infectadas por T. gondii. Nota-se que a CCL2 (1467,2 ± 596,5 vs 1258,9 ± 487,9) e CXCL16 (683,7 ± 185,4 vs 669,5 ± 184,1), apresentam concentrações superiores quando comparado as mulheres soronegativas para o parasito.
ConclusãoA resposta imune durante a gestação mostrou-se com um perfil menos propício para o feto pelo aumento da produção plasmática de CCL2 e CXCL16. Neste sentido, é possível que algumas intervenções clínicas ou políticas possam contribuir para uma melhoria no rastreamento da doença, porém, mais estudos ainda são necessários para avaliar estes parâmetros em mulheres de diferentes variações genéticas e condições ambientais distintas.
Ag. Financiadora: CAPES.
Nr. Processo: 23467219.7.0000.5150.