XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoOs vírus Influenza A e B (FLU A e B) são responsáveis por epidemias sazonais, sendo considerados os agentes etiológicos mais comumente relacionados às síndromes respiratórias agudas. Segundo a atualização mais recente do Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza, 63,7% dos casos globais de influenza foram devido a um dos subtipos de FLU A e 36,3% são casos de FLU B. Este estudo procurou relatar os casos de FLU A e B no contexto de um hospital terciário do Sul do país.
MétodosFoi realizado um estudo transversal descritivo no período de fevereiro de 2022 a maio de 2023 para identificar a positividade dos vírus FLU A e B. Foram avaliados os resultados dos exames encaminhados para o Laboratório de Biologia Molecular do Hospital de Clínicas de Porto Alegre para pesquisa de vírus respiratório (Resp-4-Plex, Abbott Molecular Inc., EUA).
ResultadosForam realizados 7.556 exames para a pesquisa de vírus respiratórios na instituição no período de fevereiro de 2022 a maio de 2023. Desse total, 5,1% (386/7.556) apresentaram positividade para FLU A e 1,37% (104/7.556) apresentaram positividade para FLU B. No ano de 2022, o período de maior positividade foi entre fevereiro e maio, em que foram realizados 1.569 testes, com uma taxa de 5,22% (82/1.569) de positivos para FLU A e 0,38% (6/1.569) positivos para FLU B. No mesmo período no ano de 2023 foram realizados 1.616 testes, sendo 9,28% (150/1.616) casos positivos para FLU A e 5,07% (82/1.616) casos positivos para FLU B. Essa taxa de positividade entre os períodos analisados reflete um aumento na circulação do FLU B quando comparado a 2022 que correspondia a 6,8% do total de casos de influenza e em 2023 está representando 35,3% dos casos.
ConclusõesNos últimos anos os vírus respiratórios apresentaram uma alteração no perfil de transmissão, principalmente devido à pandemia de COVID-19. Essa mudança de comportamento deve-se tanto à predominância do SARS-CoV-2 quanto à adoção de medidas de prevenção como uso de máscaras e isolamento social. Entretanto, a falta crônica da exposição natural ao vírus, sustentada a outros subtipos do vírus influenza pode ter impactado no aumento da circulação do FLU B após esse período de medidas de restrição. Essa mudança de comportamento ressalta a importância da vigilância genômica e do conhecimento do perfil epidemiológico desses vírus e esses dados reforçam a importância de uma cobertura vacinal adequada para reduzir os impactos no sistema público de saúde.