IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoOs avanços relacionados à terapia antirretroviral (TARV) proporcionaram aumento da expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA). Concomitantemente; a inflamação crônica de baixo grau, a toxicidade da TARV e a disfunção imunológica causada pela replicação viral podem causar alterações na massa muscular esquelética, com consequente comprometimento da função física, culminando no risco para sarcopenia em PVHA. A sarcopenia está associada a custos mais elevados de saúde, fragilidade com consequente comprometimento na qualidade de vida e aumento das taxas de mortalidade.
ObjetivoTendo em vista a necessidade de estudar ferramentas aplicáveis, eficazes e acessíveis para avaliar o risco de sarcopenia, o objetivo do presente estudo foi avaliar a associação da composição corporal com o risco de sarcopenia em PVHA.
MetodologiaEstudo transversal realizado em Instituto de Infectologia Emílio Ribas, São Paulo (SP), (CAAE: 10571019.5.2001.0061). Foram incluídas pessoas vivendo com HIV/AIDS com idade ≥18 anos, de ambos os sexos, atendidas no ambulatório de nutrição. Para caracterização da amostra foram coletados dados sociodemográficos e clínicos por meio de prontuário eletrônico e questionário de pesquisa padronizado. A ferramenta "Questionário para Diagnosticar Rapidamente Sarcopenia" (SARC-F) foi utilizada para avaliar o risco de sarcopenia, com ponto de corte ≥ 4 para determinação do risco de sarcopenia. A composição corporal foi avaliada por meio da análise de impedância bioelétrica tetrapolar (BIA).
ResultadosA antropometria contemplou o índice de massa corporal (IMC), circunferência muscular do braço (CMB) e circunferência da panturrilha (CP). Para análise estatística, foi utilizado o programa STATA 14.0, foi realizada regressão linear multivariada. As variáveis de ajuste utilizadas foram sexo, idade, atividade física, tabagismo e etilismo. Foi adotado nível de significância de 5%. Foram avaliados 56 PVHA. Não foi encontrado significância estatísticas na avaliação da associação do risco de sarcopenia aos dados clínicos e antropométricos, como CD4+ (p = 0,825), carga viral (p = 0,138), tempo de diagnóstico (p = 0,260), IMC (p = 0,100), CMB (p = 0,671) e CP (p = 0,741). Mesmo após os ajustes. Quanto à composição corporal, foi observado uma associação significante do risco com a gordura corporal (p = 0,006) e insignificante mas inversamente proporcional no índice de massa muscular esquelética (= 0,090).
ConclusãoAcredita-se que os indivíduos em risco de sarcopenia ainda não haviam desenvolvido depleção muscular, tendo em vista que o risco de sarcopenia é anterior à doença em si. Dessa forma, a avaliação do risco da sarcopenia pela ferramenta SARC-F pode ser útil se combinada com outras avaliações de quantidade, qualidade muscular e função física.