12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: As hepatites virais constituem doença de notificação compulsória e apresentam grande importância em nosso meio, devido à elevada prevalência e, especialmente, frente às mudanças no perfil demográfico brasileiro atual, denotado por maior longevidade da população brasileira e manutenção das condições crônicas.
Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico e possíveis fatores de risco para as infecções por Hepatite B e C na população idosa da região Sudoeste do Paraná, Brasil.
Metodologia: Trata‐se de um estudo ecológico, descritivo e de abordagem quantitativa. Foram utilizados os dados de pacientes com 60 anos ou mais notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2007 a 2017, para as hepatites B e C, a partir de seus marcadores sorológicos para infecção ativa ou passada (no caso da Hepatite B, positividade para o Anti‐HBc total, com HBsAg reagente ou não; e para a Hepatite C, positividade para o Anti‐HCV ou HCV‐RNA). A região analisada abrange 27 municípios e uma população estimada de 400 mil habitantes. As características associadas às hepatites B e C foram examinadas usando estatística descritiva e análise de regressão de Poisson.
Resultados: A prevalência estimada nesta população foi de 86,7 casos para cada 10.000 idosos para a Hepatite B e de 6,81 casos para a Hepatite C, no período entre 2007 e 2017. No modelo multivariado de regressão logística, as infecções pelo HBV e HCV foram associadas às etnias não brancas (OR 3,45; IC95% 1,23–9,65; p=0.018), histórico de realização de transfusão sanguínea (OR 11,51; IC95% 3,92–33,76; p=0.001), residir em município com mais de 20 mil habitantes (OR 3,45; IC95% 1,05–11,32; p=0.036) e mais de 50 mil habitantes (OR 3,2; IC95% 1,06–9,56; p=0.040), caracterizando essas variáveis como possíveis fatores de risco na população estudada.
Discussão/Conclusão: Destacaram‐se como fatores preditores para estas infecções 3 variáveis: viver em município com mais de 20 mil habitantes, pertencer à etnias não brancas e histórico de transfusão sanguínea. Portanto, mesmo a população idosa não sendo classicamente um grupo de risco para as hepatites virais B e C, há de se considerar a tendência de crescimento dessa população nas próximas décadas e seus consequentes impactos nos sistemas de saúde, tornando necessário o aprofundamento deste tema em novos estudos e ampliar o desenvolvimento de políticas de prevenção e rastreio destas infecções neste público.