XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA esquistossomose é uma doença parasitária endêmica em áreas tropicais, considerada ainda um grave problema de saúde pública no Brasil. Ocorre principalmente nas localidades com o saneamento inadequado, sendo adquirida através da pele em consequência do contato humano com águas contendo formas infectantes do S. mansoni. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas, que varia desde uma fase aguda grave com quadros de diarreia/tosse/emagrecimento e evolução para forma crônica levando a prisões de ventre e cirrose, conferem a esquistossomose uma grande relevância no cenário da saúde pública devido ao grande número de pessoas que apresentam essa enfermidade. Esse estudo tem como objetivo observar a evolução do quadro de esquistossomose na Bahia de 2015 a 2022.
MétodosTrata-se de um estudo observacional do tipo ecológico. A pesquisa foi realizada em junho de 2023, através do levantamento de dados secundários na base de dados dos casos notificados no SINAN disponibilizados pelo DATASUS. As variáveis utilizadas foram ano de notificação, sexo e faixa etária.
ResultadosO total de casos confirmados no período foi 3.031. O ano que apresentou maior número de casos foi 2015 com 730. Ocorreu diminuição dos casos entre os anos de 2018 a 2020, havendo um aumento progressivo nos anos de 2021 e 2022. Houve maior incidência no sexo masculino, 1.673, em relação ao feminino, 1.357. A faixa etária com maior prevalência de casos, 1.003, foi de 40 a 59 anos, seguido de 20 a 39 anos com 921 casos.
ConclusãoNo período destacado, percebe-se que o número de casos de esquistossomose na Bahia manteve-se alto, indicador que reflete a alta incidência inveterada da doença no país. Nesse viés, a alta prevalência possui um importante fator socioeconômico associado, além da precariedade de saneamento básico e a limitação do acesso à atenção básica. Além disso, a subnotificação limita uma compreensão fidedigna dos dados e dificulta a elaboração de políticas públicas fiéis à realidade. Neste estudo, é possível visualizar uma maior notificação em homens entre 40-59 anos, cuja maior exposição está associada ao fator laboral e à maior circulação nas áreas de encontro com o hospedeiro intermediário da doença. Sendo assim, maiores investimentos devem ser feitos, além de uma notificação mais eficiente e igualitária entre as regiões, para que o acesso à saúde, assegurado constitucionalmente, seja garantido a todo cidadão brasileiro.