A transmissão intra-hospitalar de COVID-19 não é desprezível; pelo contrário, é necessária investigação dos casos suspeitos e rastreamento de contactantes para evitar a aquisição da doença no ambiente hospitalar.
ObjetivoAnalisar a transmissão intra-hospitalar de COVID-19 num hospital geral, determinar a taxa de positividade dos casos suspeitos e dos contactantes e avaliar o desfecho de ambos.
MétodoEstudo observacional, de coorte prospectivo, no qual todos os pacientes admitidos de Mar-2020 a Dez-2021 e que desenvolveram COVID-19 intra-hospitalar foram seguidos até a alta e/ou óbito, bem como seus respectivos contactantes intra-hospitalares. Estabeleceu-se um banco de dados e as características demográficas, enfermaria de origem, tempo para o desenvolvimento de sintomas, resultado de RT-PCR e desfecho do caso foram analisados.
ResultadosForam internados 12.974 pacientes e identificados 405 casos suspeitos de aquisição intra-hospitalar de COVID-19, sendo 207 (51%) femininos e 198 (49%) masculinos, com idade média 69 anos e predominância na clínica médica, geriatria, cardiologia, cirurgia geral e ortopedia. O intervalo de tempo entre a internação e o início dos sintomas foi 7,1 dias. Encontrados 104 (25,7%) casos positivos, sendo 59 (32,8%) prováveis e 45 (25%) confirmados e observados 61 óbitos (58,6%) com intervalo entre a positividade do RT-PCR até o óbito de 18 dias. Identificados 565 contactantes, sendo 298 (52,7%) femininos e 267 (47,3%) masculinos, com idade média 67,8 anos e predominância na cardiologia, clínica médica, cirurgia geral, psiquiatria e geriatria. Destes, 26,8% (84/313) apresentaram RT-PCR positivo, sendo 66 (78,6%) sintomáticos e 18 (21,4%) assintomáticos. O intervalo de tempo entre o último contato com caso index e o aparecimento de sintomas foi 2 dias e a taxa de mortalidade dos contactantes foi de 44% (37/84), sendo o intervalo entre a positividade do RT-PCR até o óbito de 18 dias. A taxa de positividade geral dos casos de COVID-19 hospitalar foi de 1,3% (104/8.164).
ConclusãoA positividade geral de COVID hospitalar foi de 1,3%. A positividade foi de 25,7% para os casos suspeitos, sendo 59 (32,8%) prováveis e 45 (25%) confirmados e de 26,8% para os contactantes. A mortalidade hospitalar foi de 58,6% (casos) e de 44% (contactantes). Medidas de prevenção, como segregação, triagem, testagem e rastreamento dos pacientes e contactantes e uso correto de EPI's devem ser adotados para minimizar os riscos de aquisição.