A hanseníase é uma doença crônica causada Mycobacterium leprae. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número absoluto de novos casos de hanseníase. O Centro-Oeste (CO) apresenta perfil de alta endemicidade, principalmente em Goiás (GO) e Mato Grosso (MT). Este estudo objetivou descrever o perfil epidemiológico de detecção anual de casos novos de hanseníase no CO entre 2019 e 2020, comparado aos dados mundiais.
MétodoEstudo descritivo-retrospectivo, embasado no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN). Os dados foram calculados segundo o Manual para tabulação de indicadores de hanseníase, focado na taxa de detecção anual de casos novos por 100.000 habitantes (/105 hab), avaliando força de morbidade; além da taxa de detecção anual de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos para medir a força de transmissão recente da endemia. A atualização global sobre hanseníase da Organização Mundial da Saúde (OMS) 2020 também foi fonte de dados a nível global.
ResultadosEntre 2019 a 2020, foram diagnosticados no CO 10.121 casos novos, sendo 6.677 diagnósticos em 2019 e 3.444 em 2020. Quando analisados os valores de taxa de detecção geral de casos novos, observou-se padrão de redução, passando de 41,7/105 hab em 2019, para 21,5/105 hab em 2020. Neste mesmo período, quando analisada essa taxa isoladamente em cada estado do CO, observa-se que MT manteve-se hiperendêmico, passando de 129,38/105 hab para 71,44/105 hab; enquanto GO reduziu de muito alta (20,48/105 hab) para alta (13,10/105 hab); Mato Grosso do Sul (MS), passou de alto (17,78/105 hab) para médio (9,43/105 hab); Distrito Federal (DF) manteve-se médio de 5,31/105 hab para 7,14/105 hab. A respeito da taxa de detecção de casos novos em menores de 15 anos, CO registrou queda importante, registrando 14,8/105 hab em 2019; e 6,3/105 hab em 2020. No mundo em 2020, 127.396 novos casos foram notificados, para uma taxa de detecção geral de casos novos de 16,4/106 hab, valor muito inferior aos de anos anteriores, com uma redução de 37,1% em novos casos em comparação com 2019.
ConclusãoA taxa de detecção anual de hanseníase apresentou grande redução do número de casos entre 2019 e 2020. Provavelmente, o cenário emergencial frente à pandemia do COVID19 influenciou no diagnóstico e seguimento em programas de saúde, inclusive para hanseníase, afetando a taxa de detecção de novos casos da doença.