XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), caracterizada por uma bacteremia sistêmica, de evolução crônica, causada pelo Treponema pallidum. Existem vários métodos de diagnóstico da sífilis, mas a principal forma é pelo teste rápido, que está disponível nos serviços de saúde do SUS, mas há evidências de que a pandemia de Covid-19 muito provavelmente causou atrasos no diagnóstico na atenção primária. Conforme dados emitidos pelo Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2022, o Brasil registrou mais de 122.000 novos casos de sífilis, fato que corrobora à ideia de que a pandemia impactou na incidência da doença, pois o número de casos voltou a aumentar demasiadamente. O objetivo desse trabalho foi analisar as notificações de sífilis entre o intervalo dos anos 2018 a 2021 na região Nordeste.
MétodoTrata-se de um estudo epidemiológico, transversal, quantitativo e descritivo realizado a partir de dados secundários obtidos no Sistema de Departamento e Estatística do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Colheu-se os dados no intervalo de 2018 a 2021, a fim de englobar períodos antes e depois do pico da pandemia. Analisou-se o total de casos de sífilis adquirida por ano de notificação nos Estados da região Nordeste brasileira, assim como raça, sexo, idade e evolução. Posteriormente, os dados coletados foram estatisticamente processados com o uso do Excel.
ResultadosNo período analisado foi identificado um total de 77.676 casos de sífilis, verificando-se assim uma redução do número de notificações nos períodos posteriores a 2018, que teve 26.624 casos. Em 2019 haviam 25.157 casos (redução de 5,51% - 1.467), em 2020 15.701 (redução de 37,6% - 9.456) e em 2021 10.194 (redução de 35,1% - 5.507), comparando-se ao montante do ano imediatamente anterior. No que tange as demais variáveis, foi predominante a população do sexo masculino (61,2%), na faixa etária de 20 a 39 anos de idade (56,6%) e de raça parda (57,3%). Quanto à evolução desses casos, analisou-se que 41,6% evoluíram à cura, 0,25% para óbito e o restante foi tido como Ign/Branco.
ConclusãoPortanto, pode-se entender que a pandemia de Covid-19 causou uma redução dos casos de sífilis adquirida no Nordeste, pontuando-se fatores principais, como a subnotificação e a modificação do comportamento humano face ao isolamento social. Determinada mudança esteve associada à diminuição da procura por atendimento médico, da oferta de testes rápidos e dos parceiros sexuais.