Candidemia é uma infecção fúngica invasiva associada aos cuidados de saúde, com uma taxa de mortalidade de 25%‒50%. A infecção está diretamente associada à exposição aos fatores de risco ou baixa de imunidade. O acompanhamento da epidemiologia é importante para observar as tendências de aparecimento de novas espécies e diferentes perfis de suscetibilidade.

Descrever a prevalência e o perfil de suscetibilidade aos antifúngicos de Candida spp. em hemoculturas de pacientes do Hospital de Clínicas Porto Alegre nos últimos 8 meses, assim como avaliar a taxa de mortalidade e terapia utilizada.

Foram analisadas 69 amostras de outubro de 2022 a julho de 2023, positivas pelo sistema automatizado BACT/ALERT® e identificadas pelo método MALDI TOF (VITEK® MS). Para determinar o perfil de suscetibilidade aos antifúngicos foram utilizadas fitas gradientes e microdiluição em caldo, conforme BrCast 2023.

69 amostras de Candida spp. foram isolados, e identificados como C. parapsilosis (n=18; 26,1%), C. orthopsilosis (n=14; 20,3%), C. albicans (n=11;15,9%), C. tropicalis (n=10; 14,5%), C. glabrata (n=6; 8,7%), C. guilliermondii (n=6; 8,7%), C. krusei (n=2; 2,9%), C. kefyr (n=1; 1,5%). C. metapsilosis (n=1; 1,4%). A suscetibilidade dos 69 isolados para o Fluconazol foi de 61,2%, para Anfotericina foi de 100% e Micafungina foi de 76,9%. O tratamento em 52,5% dos casos foi utilizado o Fluconazol, 28% Equinocandinas 7,5% Anfotericina, 3,0% associação de antifúngicos 1,5% Voriconazol e 6,0% não foi utilizado terapia antifúngica. A taxa de mortalidade em 30 dias desse período foi de 29.3%.

Comparando a estudo anterior realizado em 2006 (Aquino VR, et al.) na instituição houve uma mudança na epidemiologia e na mortalidade geral. A prevalência na instituição é do complexo Candida parapsilosis (47,8%), esse complexo está relacionado ao uso de cateter venoso central e formação de biofilme, possibilitando a detecção de cepas não sensíveis ao fluconazol, que vem sendo relatado em estudos (Tortorano AM, et al., 2021). Concomitante houve um decréscimo na mortalidade (51,9% para 29,3%) que pode ser atribuído a profilaxia antifúngica em pacientes de risco, e maior conscientização em relação aos fatores de risco de candidemia apresentados pelos pacientes. O monitoramento contínuo da epidemiologia local, bem como o perfil de suscetibilidade aos antifúngicos, são ferramentas importantes para apoiar o diagnóstico e detecção de cepas resistentes.