XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoAdiaspiromicose humana é uma doença rara causada pelo fungo Chrysosporium parvum, comum em áreas tropicais e subtropicais. A infecção geralmente é pulmonar e pode variar de autolimitada a grave, dependendo da quantidade de adiaconídios presentes. Caso: Homem, 38 anos, pardo, Vigilante, procedente de Uberlândia-MG, referindo cefaleia, náuseas, vômitos, tosse seca e obstipação intestinal há 15 dias. Negou comorbidades, etilismo e tabagismo. Vigilante em deposito de ração bovina, referia contato com poeira, pombos e ratos. O exame físico geral e segmentar era normal. Exames laboratoriais revelaram elevação de enzimas canaliculares: FA 122 U/L e GGT 140 U/L. ALT e AST normais. PCR de 94 mg/dL. Demais sem alterações. TC de abdome sem anormalidades e TC Tórax com micronódulos com contornos regulares de até 4 mm, bilaterais, predominantes em regiões subpleurais e campos inferiores, alguns com padrão de arvore em brotamento. A pesquisa e cultura de BAAR e fungos no escarro e Teste Rápido Molecular para Tuberculose foram negativos. Anti-HIV negativo. Evoluiu com melhora clínica espontânea. TC de tórax controle realizadas até o 9° mês após resolução clínica evidenciaram as mesmas alterações. Foi então realizada fibrobroncoscopia com Lavado e Aspirado Bronco Alveolar com propedêutica para fungos e BAAR negativa. A biopsia transbrônquica evidenciou congestão difusa e vários granulomas de células epitelioides, células gigantes e linfócitos, alguns com necrose e outros agregados de neutrófilos, consistente com a infecção por Chrysosporium parvum. Nova TC de tórax 1 ano após início do quadro evidenciou pequeno nódulo calcificado e estria fibroatelectásica em pulmão esquerdo de aspecto residual. A Chrysosporium parvum é um fungo comum em roedores e é eliminado nas fezes, contaminando o solo, podendo ser inalado por humanos, causando a adiaspiromicose. O diagnóstico da infecção é um desafio pois os métodos de pesquisa de fungos e culturas têm sido pouco úteis. O estudo histopatológico é útil para confirmar a invasão tecidual pelo fungo. A micose deve ser considerada como um diagnóstico diferencial em casos com imagem pulmonar em padrão miliar/micronodular, especialmente em pacientes com exposição favorável. O quadro clínico depende da quantidade de conídios inalados, características antigênicas do fungo e resposta imunológica do hospedeiro. O tratamento varia de acordo com a gravidade do caso, podendo incluir medidas de suporte, corticoterapia ou terapia antifúngica.