12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Sífilis Congênita (SC) é definida como todo recém‐nascido filho de mãe não tratada ou inadequadamente tratada para sífilis que tenha VDRL positivo com qualquer titulação durante a gestação, mesmo sem teste confirmatório para o Treponema Pallidum.
Objetivo: Caracterizar a Sífilis Congênita e descrever fatores associados, como o perfil demográfico e socioeconômico materno, adequação do tratamento materno, paterno e do recém‐nascido com SC.
Metodologia: Estudo transversal, retrospectivo, quantitativo, realizado no período de 2010 a 2019 em uma Maternidade Filantrópica de Aracaju‐SE, a partir de dados coletados através dos prontuários de pacientes com SC.
Resultados: Em relação às progenitoras, a idade média foi de 24,7±6,2 anos, com distribuição de 49% na capital e 49,6% nos interiores de Sergipe, sendo que 88,6% habitam regiões urbanas e 1,4% residiam em outro estado. A maioria era multípara, com uma média de 2,3±1,5 filhos, 24,7% já tiveram algum aborto e 50,7% tinham menos de 8 anos de escolaridade. A média de consultas de pré‐natal foi de 5,9±2,8 consultas. Com relação ao tratamento, 78,8% das mães o realizaram completamente, em 15,8% foi incompleto e 5,4% não trataram. Acerca do tratamento dos parceiros, 40,1% foram tratados de forma adequada, 29,6% tratados de forma incompleta e 30,4% não foram tratados. Já os lactentes, 50,7% meninos e 49,3% meninas nasceram com uma média de peso de 3.162,7±598,6g, sendo 81,7% com peso adequado e 11,3% com baixo peso. Quanto aos exames, 34% dos lactentes tiveram alterações na radiografia, 0,8% na fundoscopia e 3,9% no teste da orelhinha. Além disso, boa parte não apresentou os exames, como a fundoscopia (64,5%) e o teste da orelhinha (53,9%). Por fim, os neonatos foram tratados com Penicilina Cristalina (65,4%), Penicilina Procaína (18,3%) e Benzetacil (13,9%), apenas um caso não foi tratado e 18 casos (1,4%) foram tratados com Ceftriaxona.
Discussão/Conclusão: O crescimento da SC em Sergipe demonstra que houve diminuição da subnotificação, porém, por outro lado, revela ineficiência no diagnóstico precoce e no tratamento adequado materno e de seu parceiro. O alto índice de lactentes sem resultado de fundoscopia e de teste da orelhinha pode ser explicado pela não realização dos testes ou entrega desses resultados.
A SC é um problema de saúde pública prevalente em Sergipe, acometendo majoritariamente mulheres multíparas, jovens e com baixa escolaridade, que terminam concebendo crianças infectadas que, muitas vezes, apresentam lesões ósseas e baixo peso ao nascer.