O ambiente hospitalar é um cenário de risco para transmissão da covid19, com possibilidade de surtos e comprometimento de pacientes mais suscetíveis a evolução para doença grave. Por isso, medidas como check list de sintomas respiratórios, rastreio com testes laboratoriais, precaução respiratória e de contato para casos suspeitos e confirmados são empregadas para evitar esta transmissão.
ObjetivoEste estudo buscou avaliar a transmissão da covid19 no ambiente hospitalar onde tais medidas de controle de infecção são utilizadas.
MétodosEntre março e agosto de 2021, foi avaliada uma coorte de indivíduos que foram expostos a paciente confirmado com COVID19 durante sua internação. Após contato, os indivíduos expostos foram submetidos à precaução respiratória e contato, e acompanhados por 14 dias. O rastreamento da transmissão envolveu a avaliação diária dos sintomas e, ou, achados típicos em tomografia de tórax. Aqueles identificados com tais alterações foram submetidos a swab nasofaríngeo para RT-PCR.
ResultadosForam identificados 73 pacientes confirmados para covid19 durante sua hospitalização, previamente sem este diagnóstico, sendo a maioria em enfermarias (56,2%), seguido do pronto socorro (35,6%) e UTI (8,2%). Foram 197 pacientes expostos a estes casos, dos quais 61 (31%) desenvolveram sintomas sugestivos de síndrome gripal nos 14 dias consecutivos à exposição e 18 (9,1%) confirmaram covid19. Entre estes últimos, 15 (12,2%) foram expostos a caso fonte sintomático respiratório enquanto que 3 (4,0%) decorreu de contato com assintomáticos positivos (p = 0,07). Não foi observada transmissão da covid19 em UTI. Pacientes expostos a casos positivos sintomáticos respiratórios no pronto socorro tiveram maior risco de aquisição de covid19 do que aqueles cujo contato ocorreu em ambiente de enfermaria [OR = 3,78 (1,15 - 12,39), p = 0,02].
ConclusãoEmbora o hospital adote medidas para evitar a transmissão da covid19 intra hospitalar, tais como check list de sintomas respiratórios e pesquisa por RT-PCR em saliva para todas as admissões, ocorre um escape de casos que podem transmitir a doença para os demais hospitalizados. Esta transmissão foi maior em paciente sintomáticos respiratórios e aqueles acamados no pronto socorro, onde o distanciamento entre leitos é menor.