XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA translocação microbiana e ativação imune podem ocorrer de forma mais exacerbada em gestantes que vivem com HIV, entretanto, ainda não está claro qual seria o principal fator responsável pela intensificação destes processos - infecção viral ou gestação. Assim, objetivamos avaliar a presença proteína de ligação de ácidos graxos intestinais (iFABP), lipopolissacarídeos (LPS), cluster de diferenciação14 (sCD14) e interleucina 6 (IL-6) nos diferentes períodos gestacionais em mulheres com diferentes condições clínicas (infectadas ou não pelo HIV).
MétodosForam incluídas 39 mulheres, de 2016 a 2019, frequentadoras do Hospital das Clínicas de Botucatu. Grávidas foram analisadas nos momentos M0 (1° semestre), M1 (pré parto) e M2 (pós parto). Elas compunham o G1 (HIV+, n = 13) e o G2 (HIV-, n = 10). Já as não grávidas representaram o G3 (HIV-, n = 10) e G4 (HIV+, n = 4). Além de dados de prontuários eletrônicos, ensaios imunoenzimáticos e citometria de fluxo foram as técnicas laboratoriais utilizadas. Para as análises longitudinais e transversais foram utilizados Teste de Anova seguido de Tukey e Gamma seguido de Wald.
ResultadoOs grupos eram homogêneos quanto à terapia antirretroviral (TARV) utilizada e contagem de linfócitos T CD4+. Como algumas mulheres foram diagnosticadas com HIV no pré-natal, esse grupo apresentou maior frequência de carga viral detectável (p = 0,05) e menor tempo de infecção (p = 0,01) e de TARV (p = 0,01) em relação às não grávidas HIV+. G1 mostrou maiores níveis de iFABP em todos os momentos em relação a G2 (p <,001). O LPS esteve elevado apenas no M2 do G2 (p <,001), mas, entre as não grávidas, este valor era maior no G4 (p = 0,004). Este último grupo também apresentou maior sCD14 (p <,0001), mas na condição de gestação, estes níveis diminuíram ao longo do tempo em G1 (p = 0,04), juntamente com o decréscimo nos níveis de IL-6 (p = 0,003).
ConclusãoA infecção pelo HIV foi um fator que demonstrou relação com o intenso dano epitelial intestinal e maior ativação imune, em gestantes ou não. Entretanto, a gestação parece ser uma condição que tenta “controlar” este desequilíbrio, pois alguns destes marcadores foram diminuindo ao longo do período gestacional, e foram de modo geral, menores nas gestantes que não gestantes, especialmente nas HIV+. Por fim, no período pós-parto, o aumento de LPS presente em grávidas HIV- não esteve associado à translocação microbiana, indicando que outros componentes podem estar envolvidos neste dinamismo.