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Vol. 2. Issue 4.
Pages 97-98 (August 2016)
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Terapia antirretroviral atual: tendências e desafios
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Carlos Britesa
a Editor-chefe The Brazilian Journal of Infectious Diseases (BJID)
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Chegamos à quarta edição desta série dedicada à atualização na terapia antirretroviral (TARV) com mais quatro artigos mostrando novos aspectos do manejo do paciente com HIV-AIDS que merecem nossa atenção. Estes artigos trazem as evidências mais recentes em diferentes facetas da utilização das drogas antirretrovirais, assim como o que ocorre com os pacientes em supressão viral estável, mas com problemas não diretamente relacionados à infecção pelo HIV-1.

Na primeira apresentação, voltamos a um ponto já abordado em edições anteriores, mas extremamente atual: o papel dos inibidores da integrase (INI) na TARV atual, agora com enfoque em sua utilização como terapia inicial. O Dr. Eduardo Sprinz nos brinda com uma revisão detalhada das evidências disponíveis sobre a utilização dos INI em primeira linha, mostrando por que essa classe de drogas antirretrovirais tornou-se a pedra angular da TARV atual, seja na terapia de resgate, seja para início de tratamento. Os estudos comparativos são revisados em detalhe, fazendo com que o leitor tenha uma visão atualizada do papel dos INI no arsenal terapêutico atual e trazendo à tona as semelhanças e diferenças entre os compostos dessa classe.

Apesar dos recursos terapêuticos atualmente disponíveis, a infecção pelo HIV ainda não pode ser curada. Até que essa possibilidade seja palpável, temos que manter a TARV por tempo indeterminado, pois é a única garantia de estabilidade clínica dos pacientes infectados pelo vírus. Além disso, temos uma população de pacientes que envelhece, em consequência dos ganhos obtidos com os avanços na TARV, e apresenta um crescente número de comorbidades. A polifarmácia é achado frequente nesse grupo, e estratégias que visam minimizar eventos adversos de medicamentos e que permitam melhor comodidade posológica, com menor número de pílulas e tomadas, são bem-vindas, no sentido de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No segundo artigo, os Drs. Adauto Castelo e Henrique Pott-Junior abordam uma estratégia adotada com essa finalidade: a simplificação da TARV. Os autores revisam os principais estudos que avaliaram a simplificação da TARV como alternativa terapêutica menos problemática e o impacto resultante sobre a supressão virológica.

No terceiro artigo desta edição, temos a revisão de uma intervenção cada vez mais atual, vista como alternativa capaz de reduzir a taxa de transmissão do HIV em contatos sexuais desprotegidos: a profilaxia pré (PReP) e pós-exposição (PEP). O Dr. Mauro Schechter revisa as evidências que embasam essa estratégia, que tem se mostrado capaz de reduzir o risco de contaminação pelo HIV-1, especialmente em grupos considerados de alto risco, e para os quais as recomendações alternativas nem sempre são adequadas ou funcionam a contento. Estudos com diversas populações são revisados, evidenciando o potencial de utilização dessa ferramenta como estratégia de controle da epidemia em grupos considerados de maior vulnerabilidade.

Finalmente, no último artigo desta série abordamos um aspecto da infecção pelo HIV-1 que se tornou aparente após a ampliação da expectativa de vida decorrente dos avanços terapêuticos ocorridos nas duas últimas décadas. O surgimento de problemas não relacionados diretamente ao HIV (não infecciosos), mas que vêm ganhando destaque nos últimos anos (morbidade cardiovascular, renal, hepática e doenças neoplásicas, entre outros), tem levado vários grupos de pesquisa em todo o mundo a estudar os fatores associados a esses problemas e suas potenciais causas. Desde o estudo SMART, alguns desses fatores têm sido implicados na gênese desses problemas, e a inflamação resultante da ativação imune persistente é apontada como um dos problemas associados a esse novo perfil da AIDS. Nesse artigo, mostramos as principais evidências disponíveis, que associam de modo consistente distúrbios como translocação bacteriana, alterações em marcadores da coagulação e ativação imune persistente às comorbidades que afetam de modo crescente nossos pacientes.

Boa leitura!

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