A OMS considera o aumento da resistência antimicrobiana uma preocupação global, estimando que será a principal causa de óbito em 2050. Com as prescrições inapropriadas de antibióticos na pandemia é previsto uma piora dessa problemática, anulando alguns progressos alcançados por alguns países. O Real Hospital Português, localizado em Recife, é o maior centro hospitalar do norte-nordeste e referência para atendimento de pessoas com COVID-19. O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) realiza intervenções para prevenção de infecções e diminuição do impacto do uso indiscriminado de antibióticos. O objetivo do trabalho é comparar dados clínicos e demográficos, prescrição de antimicrobianos, agentes isolados e perfil de resistência nos meses de maior número de internamento por COVID-19 de 2020 e 2021 nas UTI´s após realização das ações do SCIH para o uso racional de antimicrobianos.
MétodosAnálise de 410 prontuários e planilhas de acompanhamento de pacientes com COVID-19 para controle de isolamento, infecções, resultados de culturas e prescrição de antimicrobianos.
ResultadosEm 2020 e 2021, maio foi o mês com maior número de admissões, 189 e 221 respectivamente. O sexo masculino foi mais prevalente em ambos (60% e 63%). 36% (68) dos internamentos em uti em 2020 e 11% (25) em 2021 tinham mais de 75 anos. O número de antimicrobianos prescritos entre 2020/2021, caiu de uma média 3 antibióticos/paciente para 1,9 e os que não receberam antimicrobianos passaram de 10,5% (20) para 23% (57) com redução de 32% no DDD/meropenem. O número de esquemas de antimicrobianos prescritos por paciente caiu de 2,2 para 1,6. Nos 2 anos, Candida sp foi o principal agente em hemoculturas, seguida por Staphylococcus aureus, em 3° Pseudomonas aeruginosa (2020) e Klebsiella pneumoniae (2021). Nos aspirados traqueais as mais frequentes foram Pseudomonas aeruginosa, Stenotrophomonas maltophilia e Acinetobacter baumannii em 2020. Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumoniae em 2021. Melhorou a sensibilidade da Pseudomonas aeruginosas e Klebsiella pneumoniae em relação ao meropenem, 57% para 79% e 62% para 71%, respectivamente. Já o Acinetobacter baumannii a sensibilidade ao meropenem teve uma queda de 25% para 0%, mas 100% de sensibilidade à colistina.
ConclusãoAs intervenções do SCIH aliadas ao maior conhecimento da COVID-19 reduziram a prescrição de antimicrobianos, melhorando o perfil de sensibilidade aos carbapenêmicos.