12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O herpes zoster resulta da reativação da infecção latente pelo vírus varicela‐zoster (VVZ) dentro dos gânglios sensoriais dos nervos cranianos ou espinhais. A imunossenescência é o principal fator de risco em cerca de 90% dos casos. Em torno de 20 a 30% das pessoas adultas que sofreram primoinfecção pelo VVZ apresentarão um episódio de herpes zoster durante a vida, com incremento da incidência acima dos 50 anos de idade.
Objetivo: Descrever um caso da síndrome de Ramsay‐Hunt e revisar os principais pontos relacionados ao diagnóstico, tratamento e complicações.
Metodologia: Homem, 64 anos, queixava‐se de cefaleia e vertigem há 1 dia. Observou inchaço, dor, vermelhidão e bolhas na orelha esquerda. Dizia ser portador de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Notava‐se desvio de rima labial para a direita, lagoftalmo e perda das rugas a esquerda da fronte (foto 1), com paralisia facial grau 4 em escala de House‐Brackmann. Havia eritema e lesões vesico‐crostosas esparsas, algumas com conteúdo purulento (foto 2) na orelha esquerda. O restante do exame físico geral e neurológico estava normal. O hemograma, as provas de função renal, hepática, glicemia e eletrólitos, estavam normais. A leucometria total do líquido cefalorraquidiano somava 195 células/mm3 com 97% de linfócitos. A tomografia de crânio revelou apenas alterações esperadas para a idade. O paciente foi tratado com aciclovir endovenoso por 14 dias. Houve cicatrização das lesões em pavilhão auricular e regressão parcial da paralisia facial.
Discussão/Conclusão: A síndrome de Ramsay Hunt (SRH) resulta do comprometimento do gânglio geniculado do nervo facial. Caracteriza‐se pela tríade: erupção vesico‐pústulo‐crostosa ao redor do meato acústico externo e pavilhão auricular, paralisia facial ipsilateral e lagoftalmo. Sinais relacionados ao comprometimento de outros pares cranianos como vertigem, hipo ou hiperacusia, zumbido, disgeusia e lacrimejamento podem estar presentes. O diagnóstico é eminentemente clínico, determinado pela localização e pelas características da erupção cutânea associadas aos sinais de comprometimento dos pares cranianos acima descritos. O tratamento com aciclovir e glicocorticoide parece determinar melhores desfechos, especialmente em relação ao tempo e intensidade dos sintomas e controle da dor. A paralisia facial relacionada a SRH costuma ser mais grave e com menor probabilidade de melhora que a paralisia de Bell. A vacina contra o VVZ é a melhor e a única forma de prevenção da SRH atualmente disponível.