A COVID-19 é uma doença recente, com novas manifestações descritas a cada dia, o termo "Long Covid" é utilizado para descrever alterações que persistem após um tempo prolongado da remissão da doença, ou em situações que a manifestação inicia após a remissão completa do quadro gripal. Este relato descreve um paciente de 70 anos, masculino, branco, hipertenso, diabético, portador de insuficiência cardíaca e doença renal crônica em tratamento por hemodiálise. Durante internação hospitalar por artrite séptica o paciente desenvolveu sintomas gripais e dispneia, com teste reação em cadeia da polimerase em tempo real em aspirado de nasofaringe positivo para COVID-19. Permaneceu hospitalizado, desenvolvendo diarreia e hipóxia, tratada com altas doses de oxigênio por máscara facial. Após recuperação completa do quadro clínico gripal, com saturação normal de oxigênio em ar ambiente, passou a apresentar equimoses em extremidades inferiores e sítios de punção venosa, associada a diminuição progressiva na contagem de plaquetas (57.000/µL). Foram suspensas todas as medicações em uso, frente a hipótese de plaquetopenia induzida por medicamentos. Apesar da medida, houve piora do quadro e a contagem de plaquetas atingiu 2.000/µL. Foi iniciado tratamento com Metilprednisolona endovenosa e transfusão de plaquetas, considerando o quadro como Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI). Houve piora progressiva, mantendo plaquetopenia grave com alto consumo após transfusão, somado a queda progressiva da hemoglobina (6,6g/dL). Investigação laboratorial revelou sorologias para HIV e HBV negativas, Coombs indireto positivo, alteração de enzimas hepáticas, presença de esferócitos em esfregaço sanguíneo e lactato desidrogenase elevado (835u/L), apontando para quadro de hemólise associada. Considerando a possibilidade de síndrome de Evans, foi iniciada infusão de imunoglobulina endovenosa. Não houve resposta satisfatória às intervenções e o paciente evoluiu para óbito 17 dias após o início do quadro hematológico. A Síndrome de Evans é uma doença rara, caracterizada pela presença concomitante de duas citopenias imunomediadas, apresenta um difícil diagnóstico e um pior prognóstico em relação à outras citopenias isoladas. Espera-se que a partir do conhecimento de que a Síndrome de Evans é uma possível manifestação da COVID-19 o professional da saúde apresente capacidade de realizar o diagnóstico e tratamento precocemente e possivelmente mudar o prognóstico do paciente acometido.
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
PI 078
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SÍNDROME DE EVANS COMO UMA MANIFESTAÇÃO TARDIA DA COVID-19
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Antônia Schymiczek Larangeira de Almeida, Rafaela Piaia Basso, Eduarda Curcio Duval, Bruna Dorneles da Cas, Maristela Böhlke
Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
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