Os dados das equipes de médicos na linha de frente de atendimento de casos de COVID-19 mostram exaustão física e mental. Em Sergipe, médicos experienciam os diferentes tipos de sobrecarga no enfrentamento da pandemia. Esse apontamento alerta para a Síndrome de Burnout (SB), a qual o projeto objetivou analisar a sua apresentação nesse novo cenário.
MétodosÉ um estudo descritivo, de natureza quantitativa e transversal. Foi utilizada amostragem de 86 médicos atuantes nos serviços público e privado de Sergipe na linha de frente da COVID-19. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário online autoaplicável, através do questionário Maslach Burnout Inventory General Survey. Todas as questões são compostas de uma escala Likert que foram pontuadas pelo Maslach Burnout Inventory. Utilizou-se como definição de SB a presença de alto nível em pelo menos uma das três dimensões avaliadas. As variáveis categóricas foram descritas por meio de frequência absoluta e relativa percentual. A hipótese de independência entre variáveis categóricas foi testada por meio dos testes Qui-Quadrado de Pearson ou Exato de Fisher.
Resultados59,8% dos entrevistados apresentaram sintomatologia positiva para a síndrome, com predomínio da alta exaustão emocional (42,5%), baixo cinismo (71,3%) e baixa eficácia no trabalho (58,6%). 61,3% em idade igual ou inferior a 35 anos, apesar de ambos os grupos etários apresentaram positividade. 63,2% em homens e 57,1% em mulheres. 60,8% em solteiros e 55,9% em casados. 67,9% em médicos que já são pais ou mães. 93,8% entre os que possuem de 5-10 anos de experiência profissional, sendo também positivo em médicos com menos de 5 anos de experiência (53,8%), mas negativo naqueles com mais de 10 anos de carreira (52,6%). Por fim, a SB foi positiva em 68,2% dos que exercem o ofício em rede pública e não foi determinante nos médicos que trabalham em rede particular.
ConclusãoEsses achados apontam um adoecimento psíquico entre médicos de Sergipe mais relacionado ao sexo masculino, jovem, com tempo de experiência profissional recente e atuação no serviço público de saúde. O Ministério da Saúde (2001) indica, como tratamento da SB, o acompanhamento psicoterápico, farmacológico e intervenções psicossociais, podendo ser divididas em individuais e organizacionais, as quais devem ser consideradas nesses casos, principalmente dentro de uma nova conjuntura sanitária trazida junto à pandemia pelo SARS-CoV-2.