O Sarcoma de Kaposi (SK) tornou-se conhecido, no início dos anos 80, com a epidemia da aids, após surgimento da doença em homens que fazem sexo com homens. Entretanto, sua incidência caiu ao longo dos anos, com a introdução da terapia antirretroviral (TARV). Apesar disso, SK continua sendo o câncer mais comum associado a Aids e nos últimos anos emerge como uma doença negligenciada, com dados subnotificados.
ObjetivoAvaliar a incidência de SK em pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) no período de 1985 - 2021 no Brasil.
MétodoEstudo ecológico, baseado em dados secundários disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) - painel oncologia. Foi realizada uma análise da incidência de SK em PVHA e de acordo com os sexos, nos períodos pré (1985-1996) e pós (1997-2021) introdução da TARV. Por não ser uma doença de notificação obrigatória, os dados disponíveis de SK referem-se apenas a pacientes submetidos a tratamento quimioterápico.
ResultadosNo período do estudo, 15.440 casos de SK em PVHA foram registrados no SINAN. Na era pré TARV, que compreendeu o período de 1980 a 1996, a incidência de SK na população com aids foi de 5,4%, sendo os piores anos o período de 1983 a 1985, onde a incidência de SK variou de 20,1 - 21,8%. Logo após a introdução da TARV no país, essa incidência caiu acentuadamente para cerca de 1%, com períodos chegando a 0,3%. Observa-se que desde o ano de 2013 essa incidência vem aumentando gradativamente, chegando a 0,9% no ano de 2020. A proporção de casos entre os sexos, na era pré TARV, era de 14:1 entre homem e mulher, caindo para 4:1 após o início da TARV.
ConclusãoApesar da redução significativa na incidência de SK em PVHA, após a introdução da TARV no Brasil, há uma tendência de aumento nos últimos anos. Faz-se necessário um melhor entendimento sobre a mudança no cenário epidemiológico do SK em PVHA no Brasil.