XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoOs estafilococos coagulase-negativa (SCoN), membros da microbiota residente da pele humana, apresentam potencial de causar infecções oportunistas, sobretudo quando ocorre o rompimento da barreira cutânea, seja por trauma ou pela introdução de dispositivos médicos. Dentre os SCoN, Staphylococcus capitis destaca-se como uma das espécies mais frequentes em infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), principalmente no ambiente hospitalar. A letalidade das infecções está diretamente associada à expressão de fatores de virulência e resistência aos agentes antimicrobianos pelo microrganismo. Este trabalho teve por objetivo investigar a resistência antimicrobiana em uma cepa de Staphylococcus capitis subsp. urealyticus isolada de hemocultura através da determinação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos e da busca por genes de resistência no genoma completamente sequenciado.
MétodosFoi utilizada uma cepa de Staphylococcus capitis oriunda de hemocultura de um indivíduo adulto e previamente identificada por espectrometria de massas MALDI-TOF. O perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos foi determinado de acordo com o BrCAST (2023). O genoma da cepa foi extraído, purificado e completamente sequenciado na plataforma NextSeq 550 (Illumina®). A confirmação da espécie foi realizada pela análise de sequência multilocus (MLSA) e a busca por genes de resistência antimicrobiana foi realizada com a ferramenta de bioinformática ResFinder 4.1.
ResultadosA cepa de S. capitis subsp. urealyticus exibiu um fenótipo multidroga-resistente (MDR), apresentando resistência à oxacilina, cefoxitina, norfloxacino, entre outros. A cepa foi identificada como S. capitis subsp. urealyticus pela MLSA. Genes que conferem resistência a diversas classes de antimicrobianos, dentre os quais macrolídeos, aminoglicosídeos, β-lactâmicos e lincosamidas, foram encontrados no genoma sequenciado.
ConclusãoAs análises revelaram a presença de diversos genes de resistência antimicrobiana no genoma da cepa de S. capitis subsp. urealyticus isolada de hemocultura, corroborando o fenótipo MDR exibido. Estes resultados enfatizam a importância de investigar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de isolados clínicos de SCoN, bem como alertam para a necessidade de alternativas para o tratamento das IRAS por microrganismos destas espécies expressando perfis de MDR.