XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoDoenças pulmonares causadas por micobactérias não tuberculosas (MNT) ocorrem em pacientes com lesão estrutural prévia. As principais espécies implicadas são membros do complexo Mycobacterium avium (MAC). O tratamento medicamentoso é longo, frequentemente associado a efeitos adversos, além da ocorrência de resistência antimicrobiana. Esta série de casos visa demonstrar os desafios do tratamento de M. intracelullare. Caso 1: Homem, 59 anos, com sintomas respiratórios crônicos, apresentando culturas com identificação de M. intracelullare resistente a rifampicina, etambutol e ciprofloxacino; sensível a claritromicina, rifabutina e perfil intermediário à amicacina. Submetido à lobectomia superior esquerda devido a extensa cavitação, porém, ainda com culturas de escarro positivas. Em uso atual de rifabutina, claritromicina e etambutol. Caso 2: Mulher, 31 anos, portadora de esclerose sistêmica e tratamento prévio de infecção por M. intracelullare resistente a rifampicina, ciprofloxacino e amicacina; perfil intermediário a etambutol e sensível a rifabutina e claritromicina. Apresentou recidiva precoce da doença. Atualmente usando clofazimina, rifampicina e etambutol devido a efeito adverso aos macrolídeos. Caso 3: Homem, 62 anos, sintomas respiratórios crônicos e cultura de escarro com M. intracelullare sensível a rifabutina, amicacina e claritromicina e resistente a rifampicina, etambutol e ciprofloxacino. Fez uso de diversos tratamentos, alterados devido à intolerância, mantendo culturas positivas e piora clínica. As MNT possuem resistência antimicrobiana natural, relacionada principalmente à constituição da parede celular rica em lipídios e biotransformação de algumas drogas. Em relação à resistência induzível, alteração nos sítios de ligação confere resistência principalmente à rifampicina, estreptomicina e aminoglicosídeos e as bombas de efluxo relacionam-se à resistência à tetraciclina e aminoglicosídeos. No MAC as mutações genômicas adquiridas representam a principal via de resistência a macrolídeos e seu surgimento reduz a chance de cura. Monoterapia prévia com macrolídeos ou com aminoglicosídeos são fatores de risco para o desenvolvimento de resistência a estas classes. Desta forma, é necessário considerar os resultados de testes de sensibilidade aos antimicrobianos, principalmente aos aminoglicosídeos e macrolídeos, e evitar terapias subótimas.