IX Congresso de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro
More infoA endocardite fúngica é uma doença muito rara, que representa apenas 1 a 3% de todos os casos de endocardite infecciosa (EI). Em uma coorte de pacientes com EI no Rio de Janeiro, Candida spp foi responsável por 3.0% delas. Segundo a literatura tem sido reportado um aumento da incidência de EI fúngica, em particular por Candida não albicans. Pacientes com doença renal crônica (DRC) submetidos à hemodiálise (HD) possuem maior risco de adquirir endocardite por fungos, principalmente devido aos cateteres intravasculares. P.P.S., sexo feminino, 36 anos, HAS, DRC em HD há 7 anos. Relatava dispneia, tosse seca, edema em membros inferiores e dor torácica compressiva, associada à febre. Acamada, possuía úlcera sacra, histórico de trombose de FAV e múltiplas internações por infecção de catéter. Hipocorada (3+/4), com sopro pansistólico +/6+ e taquicárdica, além de anemia (Hb 6.7), trombocitopenia (Plaq26.000) com macroplaquetas, ausência de leucocitose e disfunção renal (Cr 11.02 e Ur 92). Além disso, a ecocardiografia transesofágica revelou estrutura pedunculada móvel medindo 3,4 × 1,3 cm, aderida à face atrial do folheto septal da tricúspide, projetando-se para o ventrículo direito durante a sístole e a TC de tórax evidenciou lesões arredondadas esparsas em ambos os pulmões algumas com cavitação central, sugerindo êmbolos sépticos. Painel de Identificação de cultura sanguínea FilmArray (BCID; bioMerieux) apresentou amplificação para Candida tropicalis. Microscopia com pseudo-hifas e blastoconídios. Culturas subsequentes confirmaram a identificação de C. tropicalis, sensível à Fluconazol e Anfotericina B. Paciente iniciou tratamento com Fluconazol e Anfotericina B, além da indicação de necessidade de abordagem cirúrgica. A cirurgia precisou ser postergada por trombocitopenia mantida a despeito de transfusões regulares, tendo sido investigada refratariedade plaquetária e indicada cirurgia guiada por trombloelastometria. No entanto, paciente evolui com acidose grave refratária e assistolia no dia em que a cirurgia estava marcada, 7 dias após o dias após o diagnóstico. Segundo revisão este é o 1° relato de um paciente com EI associada à assistência de saúde por um fungo, C. tropicalis, que cursou com a síndrome de plaquetopenia refratária não hemofagocítica que impediu a cirurgia cardíaca de urgência. O diagnóstico precoce da EI, a identificação do fungo, assim como o manejo multidisciplinar paciente EI têm contribuído para diminuir a letalidade. Palavras-chave: Candida, Endocardite, Candida tropicalis, Refratariedade plaquetária, Cuidados de saúde. Conflitos de interesse: Não houve conflitos de interesse. Ética e financiamentos: Não houve apoio financeiro.