12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2016/19690‐5
Sessão: TEMAS LIVRES | Data: 03/12/2020 ‐ Sala: 3 ‐ Horário: 18:15‐18:25
Introdução: A história natural da infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) é caracterizada pelo desenvolvimento de várias manifestações extra‐hepáticas que aumentam a morbidade e mortalidade. A resistência à insulina é uma manifestação comum em indivíduos com a infecção crônica pelo HCV. Fatores genéticos parecem influenciar as concentrações de insulina e o desenvolvimento de resistência à insulina nesses indivíduos.
Objetivo: Avaliar características de sete variantes genéticas no gene da proteína de transferência de triglicerídeo microssomal (MTTP) e sua relação com os níveis de insulina em uma população com hepatite C crônica.
Metodologia: Foram realizados ensaios de PCR‐RFLP para genotipar as variantes ‐400A/T (rs1800803), ‐164T/C (rs1800804), H297Q (rs2306985), I128T (rs3816873), Q95H (rs61733139), Q244E (rs17599091), ‐493G/T (rs1800591) localizadas no gene MTTP. Foram verificadas a associação das características avaliadas dos pacientes segundo o genótipo de cada variante com diferentes modelos genéticos (co‐dominante, dominante e recessivo) por meio de testes qui‐quadrado, razão de verossimilhanças ou exato de Fisher.
Resultados: Foram incluídos 232 pacientes com hepatite C crônica do HCFMUSP, 56,9% eram mulheres, 70,7% tinham idade ≥ 50 anos e 34,5% tinham resistência à insulina (HOMA‐IR ≥ 3). Os níveis de insulina de jejum foram considerados elevados em 9,5% dos pacientes (≥ 25μU/mL). Todas as variantes genéticas estão em equilíbrio de Hardy‐Weinberg (p>0,05) e o cálculo do Desequilíbrio de Ligação (DL) mostrou que o valor de D’ variou de 0,043‐0,979, sendo que três pares apresentaram forte DL (D’ ≥ 0,936). A frequência dos alelos mutados foi maior do que 5%. As variantes ‐164T/C e I128T no gene MTTP foram associadas com níveis elevados de insulina em pacientes com hepatite C crônica nos três diferentes modelos genéticos estudados (p<0,05). Entretanto, nas variantes ‐400A/T, ‐493G/T e Q244E não foram encontradas essa associação. Em relação a variante Q95H, foi observada uma associação com os níveis de insulina nos modelos co‐dominante e dominante (p=0,011 e p=0,014, respectivamente), enquanto a variante H297Q somente no modelo dominante (p=0,049).
Discussão/Conclusão: A presença de alelos mutados foi associada a níveis séricos elevados de insulina em quatro variantes genéticas (‐164T/C, I128T, Q95H e H297Q) no gene MTTP em pacientes com hepatite C crônica, podendo vir a contribuir para uma melhor compreensão do desenvolvimento de resistência à insulina.