A Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela infecção pela bactéria Treponema pallidum. Sua manifestação clinica se dá em três estágios: primária, secundária e terciária, cada uma com características clínicas, sendo que ocorre a maior probabilidade de ocorrência de disseminação em seus dois primeiros estágios. Durante a gestação, o T. pallidum pode ultrapassar a barreira placentária, levando à contaminação fetal. Metade das gestantes infectadas com T. pallidum, que não são tratadas durante o pré-natal, transmitem a infecção aos filhos antes do nascimento, causando sífilis congênita. O objetivo deste estudo foi examinar a incidência da sífilis em mulheres em idade reprodutiva, a incidência da sífilis congênita e o número de mortes neonatais na população brasileira durante 2010-2020.
MetodologiaFoi realizado um estudo ecológico para coletar informações sobre a incidência de sífilis em gestantes, sífilis congênita e morte neonatal por sífilis congênita (dados até junho de 2020), sendo os dados coletados mediante busca eletrônica nos registros do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde/Brasil (DATASUS), por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
ResultadosForam totalizadas 3.013 óbitos decorrentes da sífilis congênita no Brasil de 1998-2020. Os casos de óbitos infantil em decorrência de sífilis congênita aumentaram de 90 óbitos (sendo 6.946 casos confirmados) em 2010 para 261 (sendo 24.130 casos confirmados) em 2019. O aumento dos casos de sífilis em gestantes de 20 a 29 anos (55,7%) foi associado ao aumento dos casos de sífilis congênita. Em 2020, foram notificados 173 óbitos infantis (sendo 8.932 casos confirmados) decorrentes da sífilis congênita, sendo 96,8% óbitos antes dos 7 dias de vida. Foram notificados 49.154 casos de sífilis adquirida em 2020 no Brasil, sendo 18.337 em mulheres. A taxa de detecção de sífilis em gestantes subiu de 3,5 em 2010 para 20,8 em 2019 (para cada 1000 nascidos vivos).
ConclusãoCom o ressurgimento da sífilis na população em idade reprodutiva, se faz necessário abordar e tratar a sífilis, haja vista o número de casos e óbitos notificados em 2020. Os dados devem ser avaliados com cautela tendo em vista a situação de isolamento social decorrente a pandemia da COVID-19, o que levou a menor procura por serviços de saúde e nesse sentido, a queda dos casos notificados, podendo estes representar um risco epidemiológico e de saúde iminente.