XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Esporotricose é uma micose zoonótica endêmica, causada por fungos dimórficos do gênero Sporothrix, sendo S. schenckii e S. brasiliensis as espécies patogênicas mais relevantes. São encontrados na natureza, principalmente no solo. A infecção resulta da inoculação traumática do fungo na derme durante atividades como agricultura e jardinagem, ou por transmissão zoonótica ‒ esta última ganhando grande notoriedade nas últimas décadas, relacionada a cães e felinos, sendo a contaminação advinda de arranhadura ou mordedura de animais contaminados, onde gatos domésticos são os principais reservatórios. Comumente o fungo se localiza na pele e no tecido subcutâneo, resultando em lesões nodulares ou ulceradas. O surgimento de cepas de Sporothrix resistentes têm incitado a comunidade científica a buscar alternativas terapêuticas ao itraconazol para o tratamento desta zoonose, encontrando nas plantas medicinais atividades farmacológicas requeridas. A espécie Lafoensia spp. (Lythraceae), é amplamente distribuída nas regiões tropicais e subtropicais, sendo reconhecida por sua atividade antimicrobiana. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antifúngica de Lafoensia spp. frente às espécies causadoras de Esporotricose.
MétodosFolhas e galhos foram coletados em São José de Almeida-MG, secos e pulverizados. Extratos metanólicos das folhas (AM-82F) e galhos (AM-82G) foram preparados por percolação, concentrados e solubilizados em DMSO à 50 mg/mL. Posteriormente, os extratos foram diluídos em caldo RPMI-1640 tamponado com MOPS, às concentrações de 3,90 a 250 µg/mL, para determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) frente a S. schenckii e S. brasiliensis, segundo CLSI (2018). Os ensaios foram realizados em triplicata e a CIM definida como a menor concentração das amostras capaz de inibir 100% do crescimento fúngico. A concentração fungicida mínima também foi avaliada. Resultados Os extratos AM-82F e AM-82G apresentaram resultados bastante promissores: frente a S. schenckii, a CIM foi de 15,62 µg/mL e 7,81 µg/mL, respectivamente. Já frente a S. brasiliensis, a CIM foi de 3,90 µg/mL e 7,81 µg/mL, respectivamente. O efeito antifúngico observado foi fungicida. Conclusão Os resultados evidenciaram o potencial antifúngico relevante de Lafoensia spp. frente à S. schenckii e S. brasiliensis, podendo ser utilizada visando o desenvolvimento de formulação farmacêutica direcionada ao tratamento da Esporotricose.