XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA infecção pelo HIV tem alta prevalência em pacientes usuários de substâncias psicoativas. Essa associação contribui para piores desfechos de saúde individuais e representa uma significativa barreira no combate à transmissão do vírus e aderência ao tratamento.
ObjetivosApresentar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes usuários de substâncias ilícitas internados com AIDS em um hospital especializado em doenças infecto-contagiosas na capital da Bahia.
MétodosNeste estudo transversal, foi realizada uma análise descritiva dos dados levantados por meio do prontuário eletrônico de pacientes internados no hospital entre julho e outubro de 2022. Foram incluídos pacientes com 18 anos ou mais, portadores do vírus HIV e usuários de maconha, cocaína ou crack.
ResultadosDos 131 prontuários revisados, houve 47 internações de 43 pacientes usuários de substâncias psicoativas com AIDS. Destes: 62,79% (27) eram homens, 79,07% eram heterossexuais, 72,09% eram autodeclarados pardos, 58,14% possuíam ensino fundamental incompleto, 76,74% eram solteiros, 48,84% tinham renda inferior a um salário-mínimo. A idade média dos pacientes foi de 39,27 (Min 18; Max 72) anos, o tempo médio de internação foi de 26,17 dias, 51,16% dos pacientes tiveram pelo menos 1 internação prévia no mesmo hospital, a mediana do CD4/mm3 desses pacientes foi de 132,5 (10 a 1266), e mediana da carga viral foi de 222.702 (26 a 9.868.945); 12 (28,0%) pacientes referiam boa adesão a TARV. 12 (28%) pacientes tiveram o diagnóstico de HIV nessa internação e a média de CD4 nesse grupo foi de 111 cel/mm3. Tuberculose (26,32%), Toxoplasmose (19,3%) foram as principais infecções diagnosticadas durante o internamento. VDRL reagente em 13 (30,2%), HCV 2 (4,6%), Ag Hbs 1 (2,3%) dos pacientes. Desfecho foi alta com melhora em 76,7%, evasão/alta a pedido em 11,64% e 11,64% evoluíram para óbito.
ConclusãoNa amostra, houve predomínio de homens adultos, pardos, heterossexuais, com baixo nível de escolaridade e renda. Dentre as causas de internação prevaleceram as coinfecções por doenças oportunistas. Esses apresentaram internações de longa duração, com altos índices de mortalidade, evasão do serviço e reinternação. Para minimizar os danos, são necessárias medidas de saúde pública voltadas para essa população.