A resistência bacteriana é um problema de saúde pública cada vez mais frequente em nosso meio. Nos pacientes com sepse, a administração precoce de antibióticos (ATB) adequado reduz a morbimortalidade. Desta forma, conhecer o perfil de sensibilidade da instituição é essencial para elaboração dos protocolos de terapia antimicrobiana empírica. Esse estudo teve como objetivo, identificar as bactérias causadoras de sepse em pacientes internados e avaliar a eficácia do protocolo de terapia ATB nas diferentes unidades da instituição.
MétodoUm estudo corte transversal, retrospectivo, baseado na vigilância laboratorial de hemoculturas, foi realizado no hospital referência para trauma no estado da Bahia, com 417 leitos. Todas as hemoculturas positivas em 2019 foram avaliadas, sendo excluídas exames duplicados. Foram coletados dados sobre a unidade de internamento do paciente e o perfil de sensibilidade da bactéria. O protocolo de ATB para sepse, sugere 4 opções terapêuticas, a análise de cada opção foi avaliada levando em consideração a sensibilidade in vitro aos ATB. As opções são: Cefepime+Vancomicina (1), Piperacilina/Tarzobactam [PTZ] (2), PTZ +Vancomicina (3), e Meropenem+Vancomicina (4). O percentual de adequação para cada opção terapêutica foi calculado no geral e especificamente para cada unidade hospitalar. Banco de dados e as análises estatísticas foram realizadas usando EpiInfo. O estudo foi aprovado pelo CEP.
ResultadosDurante o ano de 2019, foram realizadas 7.595 hemoculturas, sendo incluídas 264 no estudo. Os microorganismos mais frequentes foram: Klebsiella pneumoniae 30%, S aureus 19%, Pseudomonas aeruginosa 16%, Acinetobacter baumannii 11%, E coli 7%, Enterobacter cloacae 4% e outros 11%. Em relação as unidades de internamento, 45% dos isolados foram identificados em UTI, 21,2% na unidade de queimados (CTQ), 18,2% na unidade intermediária, 11,4% nas enfermarias e 3,8% na emergência (EME). O percentual de adequação geral para cada opção terapêutica foi: opção 1, 50,1%; opção 2, 34,5%; opção 3, 60% e opção 4, 71,2%. Esses valores variam significativamente nas diversas unidades do hospital, por exemplo, a opção 1, tem adequação de 73% na EME, 50% na UTI e 36% no CTQ.
ConclusãoEsse estudo demonstra a importância do conhecimento detalhado dos patógenos na instituição. Com esses dados, o protocolo de terapia ATB empírica foi otimizado de acordo com as informações de cada unidade, possibilitando melhor eficácia.