Entre as IRAS, a Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é considerada a infecção nosocomial com risco de vida mais frequente em UTI, somados à capacidade de resistências dos microrganismos temos um grande empecilho ao tratamento dos pacientes. Analisamos os casos de PAV de 2019 a 2020 a fim de destacar os microrganismos envolvidos e a ocorrência de surtos.
MétodosEstudo descritivo, retrospectivo, epidemiológico, composta pelas fichas de notificação da CCIH. Analisou-se as infecções em UTI ocorridas de janeiro de 2019 a dezembro de 2020, em Hospital de Guarapuava-PR. Com 10 Leitos em UTI-Geral e 10 Leitos em UTI-Covid (agosto a outubro de 2020) e/ou UTI-Cirúrgica (novembro e dezembro de 2020). Análise de surto com base no Limite superior de detecção de densidade de PAV.
ResultadosUm único surto foi detectado em fevereiro de 2020, no entanto, é necessário frisar que o Limite Superior para este ano foi de 39,05, enquanto em 2019 esteve em 27,43. As médias foram 18,34 e 25,8 PAV/1000 VM-dia para UTI-Geral em 2019 e 2020, respectivamente. Para UTI-Covid e UTI-Cirúrgica foram 46,71 e 27,78 PAV/1000 VM-dia. Já o isolamento e identificação dos microrganismos foi marcante a partir de dezembro de 2019, pois 78,5% dos casos ficaram sem cultura em 2019 versus 17% em 2020. Observamos com preocupação o perfil de resistência pelo fato de 7,15% (4) dos poucos isolados identificados em 2019 serem Klebsiella pneumoniae resistente a Carbapenens (KPC) e 13,8% (9) em 2020. Em 2020 também se destacou o Acinetobacter baumannii complex resistente a Meropenen (ABRM) em 12,3% e sensível (ABSM) em 9,2%. Pseudomonas aeruginosa sensível a meropenen em 13,8%, sendo que 18,5% foram indicados como outros neste ano de 2020. UTI-Covid e UTI-cirúrgica representaram pequeno período de análise, no entanto, se observou Stenotrophomonas maltophilia em dois isolados (25%) e ABSM também com 25% para UTI-Covid. Este mesmo representou 30% da UTI-cirúrgica, sendo que ambas UTI apresentaram alta taxa de relato como outros microrganismos que não os pesquisados pela instituição.
ConclusãoOs resultados sugerem o impacto da pandemia no perfil de IRAS na UTI do hospital investigado, apesar de não ser traduzido em aumento no número de surtos, mas destacou-se o aumento de isolados bacterianos multirresistentes.