XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica e granulomatosa, cujo agente etiológico é o bacilo Mycobacterium leprae. Os idosos estão suscetíveis à infecção devido a senescência e o longo período de incubação do bacilo. O objetivo do trabalho foi analisar o perfil clínico e epidemiológico dos casos de hanseníase na população idosa no Estado de Sergipe, no período de 2007 a 2016.
MétodosEstudo observacional descritivo e retrospectivo dos casos de hanseníase com laudos anatomopatológicos positivos na população idosa do Estado de Sergipe. Os laudos foram coletados na Unidade de anatomia patológica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, centro de referência para o diagnóstico anatomopatológico da hanseníase, e em três laboratórios privados, que possuem convênios com a rede municipal e estadual de saúde e recebem uma grande demanda de exames. Os dados coletados foram sexo, idade, forma clínica e baciloscopia. Para avaliação da associação entre as formas clínicas e sexo, foi utilizado o teste do qui-quadrado. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (CAAE 87953018.3.0000.5546).
ResultadosForam observados 261 laudos positivos em Sergipe na população idosa, sendo 50,57% do sexo feminino e predominância de casos na faixa etária de 60 a 69 anos (51,34%). Em relação a classificação operacional a forma paucibacilar predominou com 81,60%. As formas clínicas mais prevalentes foram a hanseníase tuberculóide e indeterminada com 49,81% e 25,29%, respectivamente, e a baciloscopia apresentou resultado positivo em 17,05% dos casos. Na comparação das formas polares da hanseníase entre os sexos, a forma clínica tuberculoide foi significativamente mais prevalente no sexo feminino, enquanto a virchowiana, forma mais grave da doença, predominou no masculino (0,0031). Por fim, na análise da razão de chance entre os sexos, observou-se que homens idosos apresentaram uma chance 3,96 vezes maior de desenvolver a forma grave da hanseníase.
ConclusãoAs ações de políticas públicas direcionadas para o controle e tratamento da hanseníase em áreas endêmicas precisam ser realizadas, principalmente para homens idosos, já que estes possuem um risco mais elevado de desenvolver a forma grave e contagiosa da doença.