IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoA Sífilis Congênita (SC) trata-se da transmissão da bactéria Treponema pallidum da gestante infectada para o feto. A transmissão vertical (TV) ocorre principalmente intraútero, via transplacentária, com taxa de transmissão de até 80%, mas também pode ocorrer via parto vaginal, no contato direto com a lesão sifilítica. A TV da sífilis pode ocorrer em qualquer fase da gestação e até 50% das gestações com sífilis não tratadas podem resultar em abortamento, prematuridade, baixo peso ao nascer e morte do recém-nascido. A SC é um agravo de notificação compulsória de acordo com a Portaria n° 542/1986.
ObjetivoDescrever o perfil clínico e epidemiológico de crianças notificadas com Sífilis Congênita em Goiás no período de 2019 a 2022.
MetodologiaEstudo epidemiológico e transversal realizado a partir de dados de domínio público obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Boletim Epidemiológico - Sífilis 2023 do Ministério da Saúde. As variáveis analisadas foram taxa de incidência, idade da criança, idade da mãe, escolaridade da mãe, raça da mãe, realização do pré-natal, diagnóstico da sífilis materna, tratamento do parceiro concomitante ao da gestante, classificação final e evolução.
ResultadosNo período avaliado, foram notificados 2.563 casos de SC. A taxa de incidência variou de 6,3 a 8,7 casos por 1.000 nascidos vivos, a maioria das crianças tinha até 6 dias de nascimento (97,1%). Sobre as mães, a maioria tinha entre 20-24 anos (35,6%), possuía ensino médio completo (21,5%) e era da raça parda (58,5%). Em relação ao pré-natal, 82,0% das gestantes realizaram e 63,4% receberam o diagnóstico de sífilis materna no pré-natal. Em relação ao parceiro, 55,5% não foram tratados concomitante à gestante. Sobre a classificação final, 94,6% foram classificadas como Sífilis Congênita Recente e, na evolução do caso, prevaleceu recém-nascido vivo em 89,8% dos casos.
ConclusõesA incidência de SC em Goiás permanece acima da meta do Guia para Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis de ≤ 0,5 caso por mil nascidos vivos. Embora a taxa de incidência seja uma medida importante para identificar falhas na prevenção da TV durante o pré-natal, nesse trabalho não foi possível analisar se as falhas estavam relacionadas à falta de tratamento do parceiro ou ao esquema de tratamento inadequado da gestante, pois apesar da ficha de notificação da SC registrar o esquema terapêutico da mãe, esses dados não estão disponíveis no SINAN.