A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus associado à síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Segundo a Organização Mundial de Saúde, o SARS-CoV-2 já infectou mais de 775 milhões de pessoas em todo o mundo, com mais de 7 milhões de óbitos. No Brasil, há mais de 38,7 milhões de casos confirmados e 711.650 óbitos. A doença compreende um amplo espectro de manifestações clínicas, incluindo desde pacientes assintomáticos a pacientes críticos, com envolvimento não só do trato respiratório, mas também do gastrointestinal. A produção maciça de citocinas inflamatórias tem sido associada à evolução da COVID-19 para casos graves e ao desenvolvimento da síndrome respiratória aguda grave.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a concentração de citocinas inflamatórias sistêmicas em pacientes com COVID-19 aguda e correlacionar à marcadores de saúde e permeabilidade intestinal.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram colhidas amostras de fezes e 8 mL de sangue periférico de pacientes e controles. Os pacientes com COVID-19 recrutados para o estudo estavam em isolamento domiciliar ou hospitalizados e foram incluídos após teste molecular positivo para SARS-CoV-2. As concentrações plasmáticas de citocinas foram realizadas por citometria de fluxo. Os níveis de proteína C reativa (PCR), Zonulina e IgA fecal foram investigados por ELISA. O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado para avaliar diferenças entre pacientes e controles.

Foram incluídos 50 pacientes com COVID-19 aguda leve-moderada e 32 controles. Detectamos concentrações aumentadas (P≤0,05) de zonulina e citocinas inflamatórias em pacientes com COVID-19 (ZO-1: 64 ± 0,9; IL -2: 1,2 ± 0,3; IL-6: 9,6 ± 1,9; IFN-γ: 74,9 ± 21,8; IL-17: 113,7 ± 25,2) quando comparados aos controles (ZO-1: 19 ± 3,0; IL-2: 0,4 ± 0,1; IL-6: 1,4 ± 0,2; IFN-γ: 0,3 ±0,01; IL-17: 0,3 ± 0,1). Os níveis médios de PCR nos pacientes foram de 69,82 ng/mL e não foram detectadas diferenças nos níveis fecais de IgA.

Detectamos presença proeminente do perfil Th17 nos pacientes com COVID-19 aguda, além dos outros perfis inflamatórios. Sugerimos que o aumento da permeabilidade intestinal, juntamente com a produção exacerbada de citocinas inflamatórias, possam estar envolvidos com a tempestade de citocinas e evolução para casos mais graves da doença.