14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoO politrauma é uma doença importante no Brasil e mundo. O tratamento desses pacientes melhorou ao longo dos anos, com consequente aumento da sobrevida. Entretanto, o número de intervenções, tratamentos e dias em unidade de terapia intensiva (UTI), somados ao mecanismo e gravidade do trauma, podem se relacionar ao aumento de infecções relacionadas à assistência à saúde. Existem poucas informações e evidências sobre infecções bacterianas e resistência antimicrobiana em pacientes civis, não veteranos ou não combatentes de guerra, vítimas de trauma.
ObjetivoIdentificar os fatores de risco para infecções e colonização por bacilos gram negativos multi-drogarresistentes (BGN MDR) em pacientes internados em uma UTI de referência para trauma.
MétodoDurante 12 meses, os pacientes admitidos na UTI foram incluídos em uma coorte prospectiva. O paciente foi classificado como infectado por BGN MDR caso houvesse sido isolados BGN resistentes a carpabenêmicos (Enterobacterales, Acinetobacter baumannii ou Pseudomonas aeruginosa) em culturas de sítios estéreis, ou caso tivesse cultura positiva acompanhada de critérios clínicos para infecção. Dados demográficos, clínicos e referentes ao trauma foram comparados entre os pacientes com e sem infecção. Foi adotado nível de significância estatística p < 0.05. Para delinear os fatores de risco, lançou-se mão de regressão logística simples e múltipla.
ResultadosDos 308 pacientes, 158 (51%) eram politraumatizados e 23 (7.5%) tiveram infecção por BGN MDR (dos quais, 56.5% sofreram politrauma). O trauma não foi um fator de risco para infecção por BGN MDR (8.2% em politrauma vs. 6.7% não politrauma, p = 0.6), mas o tempo de internação foi (OR 1.05; IC 95% 1.03 - 1.07, p < 0.001). Colonização por BGN MDR ocorreu em 51 pacientes (17%) e os fatores de risco associados foram traumatismo cranioencefálico (OR 2.56; IC 95% 1.21 - 5.52, p = 0.014), uso de cateter venoso central (OR 2.83; IC 95% 1.32 - 6.50, p = 0.01) e uso de antibióticos nos últimos três meses (OR 4.49; IC 95% 1.49 - 13.19, p = 0.006).
ConclusãoO trauma sozinho não foi diretamente causa de infecção por MDR, somente o tempo de internação; embora para a colonização, TCE e os fatores relacionados à internação, comorbidades do paciente e suporte de vida avançado estiveram relacionados a desfechos desfavoráveis.