Nocardiose é causada por um actinomiceto que normalmente afeta imunocomprometidos. Pode ser localizada ou disseminada. Apesar do HIV cursar com depleção da imunidade a coinfecção HIV-Nocardia foi relatada em poucos casos, de 0,2 a 2% dos pacientes.
ObjetivoDocumentar condição pouco prevalente e com diagnostico desafiador.
ResultadosCaso 1: Paciente masculino, quadro de confusão mental e bradipsiquismo. Diagnostico de HIV neste contexto com CD4:5. Identificado múltiplas lesões nodulares intra-axiais, supra e infratentoriais, com edema vasogênico em ressonância de crânio. Identificada em punch de pele Nocardia sp e iniciado tratamento com Sulfametoxazol+trimetropim, Imipenem e Amicacina com melhora clínica e radiológica importante. Caso 2:Paciente masculino, interna por dispneia, inapetência e confusão mental. Realizou tomografia de tórax que evidenciou derrame pleural no lobo inferior direito. Ainda, faz o diagnóstico de HIV, com CD4 90. Drenado conteúdo pleural com identificação Nocardia sp. em cultura. Iniciado tratamento com sulfametoxazol/trimetoprima. Paciente acabou evoluindo com insuficiência respiratória e posterior óbito. Caso 3:Paciente feminina, HIV com CD4:168, interna com relato de síncopes, tonturas e febre. Realizada hemocultura que identificou Nocardia sp. Não identificadas lesões em outros sítios. Realizada associação de Meropenem, Amicacina e Sulfametoxazol/trimetoprima por 3 semanas e continuidade com Sulfametoxazol+trimetoprima. Paciente evoluiu com melhora sintomática, sem novos picos febris.
ConclusãoO diagnóstico de nocardiose é desafiador devido diversidade de apresentação clínica e dificuldade no isolamento microbiológico. As manifestações clínicas envolvem pulmão, sistema nervoso central, pele e doença disseminada - infecção em dois ou mais sítios. A confirmação diagnóstica necessita de cultura de material biológico com identificação de Nocardia sp. O Sulfametoxazol/trimetoprim é a terapia de primeira linha, contudo existe variabilidade de resistência, sendo recomendada cobertura empírica com 2 ou 3 agentes em doença disseminada, pulmonar extensa ou envolvimento do SNC. Amicacina, imipenem, meropenem, cefalosporinas de 3ª geração, linezolida, tigeciclina e dapsona são opções. A monoterapia é recomendada para pacientes com infecção pulmonar leve/moderada e para formas cutâneas em imunocompetentes. Recomenda-se tratamento de 3-6 meses para imunocompetentes, até 1 ano em pacientes imunocomprometidos ou com envolvimento de SNC, de acordo com a resposta clínica.