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Vol. 27. Issue S1.
XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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NEUROPATIA ÓPTICA POR ETAMBUTOL
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Ludmila Silva Athaydea,
Corresponding author
lud.athayde@gmail.com

Corresponding author.
, Julia Lutgens Minghinib, Loni Suliani Dorigob
a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
b Centro Médico de Especialidades Infectologia de Santo André, Santo André, SP, Brasil
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Vol. 27. Issue S1

XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia

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Introdução

A Neuropatia óptica por etambutol (NOE) é um efeito adverso raro, dependente de dose e tempo de uso do fármaco. Os sintomas podem surgir de dois a oito meses do início do tratamento, podendo permanecer por até dois anos mesmo com suspensão da medicação. Os fatores de risco associados a NOE são diabetes, etilismo, tabagismo e nefropatia.

Relato do caso

Feminino, 41 anos, não tabagista, técnica de enfermagem, há 20 dias com dor pleurítica, tosse produtiva, dispneia, sudorese noturna, febre, astenia, hiporexia e perda ponderal. Toracocentese diagnóstica com líquido pleural exsudato, linfocítico, ADA 46, BAAR/cultura/gram/céls oncóticas negativas. Iniciado tratamento para tuberculose pleural com RIPE. Um mês após iniciou quadro de turvação visual bilateral, dor ocular, dificuldade para distinguir o azul e o vermelho, no olho direito. Exame ocular acuidade visual reduzida e discromatopsia à direita. Sem outras causas que justificassem neuropatia óptica, suspenso etambutol e após duas semanas paciente apresentou melhora do quadro.

Discussão

NOE possui instalação subaguda com redução da acuidade visual de forma simétrica ou unilateral e indolor. A perda da visão, geralmente, é central com escotomas e discromatopsia. Essa redução da capacidade de diferenciar certas cores ocorre para o verde e vermelho, embora a dificuldade para o azul e o amarelo também possa acontecer. O mecanismo fisiopatológico exato ainda não está claro. Sugere-se que o etambutol promova acúmulo de zinco, diminuindo a síntese de ATP das mitocôndrias, gerando apoptose das células ganglionares da retina, cujos axônios formam o nervo óptico. O diagnóstico é baseado na identificação de um fator tóxico e na exclusão de outras patologias com perfil clínico semelhante, como neuropatias ópticas hereditárias, neuropatia compressiva ou lesão infiltrativa do quiasma óptico, doenças desmielinizantes, maculopatias, entre outras. O exame de fundo de olho, inicialmente, pode ser normal, como no caso da paciente. Podemos também utilizar a tomografia de coerência óptica para auxílio diagnóstico. O tratamento consiste na suspensão da medicação, sendo a única medida eficaz para evitar a progressão da perda visual e permitir a recuperação da visão que pode ser gradual e durar semanas a meses. Trata-se de doença grave com potencial para complicações irreversíveis. Após introduzir tratamento com etambutol, devemos manter o acompanhamento do paciente e sempre questionar a presença de sintomas visuais.

Palavras-chave:
Neuropatia Óptica Etambutol Tuberculose Relato de Caso
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The Brazilian Journal of Infectious Diseases
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